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Festivais

18º Cine-PE (2014) – dia 6

Crônicas cariocas no Cine-PE

Por Luiz Joaquim | 01.05.2014 (quinta-feira)

Hoje é a última noite com exibição de filmes deste 18º Cine-PE: Festival do Audiovisual; amanhã acontece apenas a premiação e homenagens. Logo mais o Recife verá, portanto, a premiere de duas produções nacionais. “Romance Policial”, do veterano Jorge Duran – roteirista do clássico “Pixote: A Lei do Mais Fraco”, e que já esteve no Cine-PE em 2011 com o seu “Não se Pode Viver sem Amor”. E, fechando a noite, “Muito Homens num Só”, estreia na direção de Mini Kerti num longa-metragem de ficção.

Este último é um projeto antigo de Kerti, co-diretora (com Malu Mader) do documentário “Contratempo” (2009). O roteiro é baseado em personagens de João do Rio, pseudônimo do dramaturgo Paulo Barreto (1881-1921). Com trama ambientada no Rio de Janeiro do início do século passado, temos Eva (Alice Braga) protagonizando uma desenhista que se envolve com o Dr. Antônio, um ladrão de hotéis, este vivido por Vladimir Britcha.

“É quase uma irresponsabilidade estrear numa ficção com um filme de época, né”, comentou a diretora em entrevista ao CinemaEscrito, em tom de brincadeira em função do trabalho cenográfico. Mas ela complementa dizendo que a produção encontrou uma casa em Petrópolis (RJ), intactamente conservada, com o mesmo papel de parede e piso do século passado. Com alguns móveis da família e dos amigos, a casa serviu como o mais chique dos três hotéis onde acontecem os golpes de Dr. Antônio.

“Utilizamos também a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa [do Rio de Janeiro], mas procurei trabalhar com uma certa liberdade. A ideia não era ser totalmente fiel, mas sim trazer uma impressão daquela época. É uma história de amor com um fundo policial. Lembra -Ladrão de Casaca- e [Ernst] Lubitisch”, revela.

Kerti lembra que a ideia para o projeto nasceu em 2004, a partir de um dos livros de João do Rio. “Mas ao longo dos anos tomamos a liberdade, eu e o Leandro [Assis, roteirista] de unir diversos personagens de outras de suas obras. A gente incorporou, por exemplo, seu conto -Dentro da Noite- no roteiro”, adianta.

Kerti se diz atraída pelas figuras contemporâneas que o autor em suas crônicas. “Ele as retratava muito bem, com um distanciamento quase jornalístico, com a frieza de quem observa de longe. O Dr. Antônio, que existiu mesmo, fascina por conta de seu desapego. Há algo de amoral ali, quando não se tem laços muitos fortes. A gente pode até fazer um paralelo com o Dr. Antônio invadindo os quartos dos hóspedes e o João do Rio investigando a vida das pessoas”, arrisca.

Sobre conciliar a agenda de Britcha, Braga e Caio Blat, Kerti conta que durante as filmagens “Vlad estava de férias, Alice estava no Brasil totalmente disponível para o filme, e Caio é um incansável. Foi complicado para ele, mas ele trabalha de madrugada, no fim de semana, é muito apaixonado pela profissão”. finalizou.

Já “Romance Policial” é o quarto longa dirigido por Duran. A história acompanha o funcionário público Antônio (Daniel de Oliveira) que viaja ao deserto de Atacama, no Chile, em busca de inspiração para escrever conto. Lá descobre, acidentalmente, um homem assassinado. Em entrevista por telefone, Duran diz que apesar de ter realizado quase 100% da filmagens no Chile não teve mais dificuldades por isso na produção.

Sendo aqui o personagem de Oliveira um homem movido pela urgência de mudanças em sua vida, e levando em conta a filmografia de Duran – “A Cor de Seu Destino” (1986); “Proibido Proibir” (2006); e “Não se Pode Viver sem Amor” – questionamos se este seria seu foco ao pensar num filme. “Sim. No caso, o Antônio quer ser um escritor, mas não tem convicção. Me interessa as pessoas que pensam em que rumo dar a sua vida e se arriscam nessa decisão”, encerrou.

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