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Críticas

A Recompensa

Conheçam Jude of out Law

Por Luiz Joaquim | 14.05.2014 (quarta-feira)

Na primeira imagem de “A Recompensa” (Dom Hemingway, GB, 2013) – em cartaz a partir de amanhã (15/05) – vemos o galã Jude Law sem camisa e barrigudo fazendo um ode ao seu próprio pênis. No seu longo monólogo gritado a nós, espectadores – enquanto recebe um tratamento sexual – Law nos conta que seu pênis poderia ganhar o prêmio Nobel da Paz. E ele explica como isto seria possível.

O impacto da abertura de “A Recompensa”, dirigido e escrito por Richard Shepard, não poderia ser mais eficaz, uma vez que ele apresenta o personagem Dom Hemingway (adequadamente dando nome ao título original do filme) da maneira mais irresponsável e divertida se formos considerar o perfil do protagonista. Ou seja, um escroque vaidoso e absurdamente violento, principalmente se bêbado.

Ainda na imagem inicial, percebe-se que Dom está preso e o filme contextualiza que “12 anos é muito tempo” para depois sermos logo jogados na trama inicial. Aquela na qual Dom, já livre, irá receber de Ivan/Fontaine (Demien Bichir) a recompensa por ter mantido o silêncio por 12 anos na prisão não o incriminando. Mas antes disso, para conhecermos do que o indômito Hemingway (uma homenagem ao escritor?) é capaz, o vemos indo surrar o cara que casou com sua ex-mulher enquanto ele estava enjaulado, e depois ir tomar uma cerveja com Esquerdinha (Richard E. Grant).

É preciso dedicar um parágrafo para desnudar uma falsa impressão dada ainda nos primeiros minutos deste filme de Shepard. Pelo carregado sotaque britânico de Law – encharcado de palavrões -, pela violência, pela música pop bacana e também pelos créditos que abrem o longa-metragem, alguém poderá confundir a intenção de “A Recompensa” com os títulos que deram fama ao cineasta Guy Ritchie no passado, como “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fulmegantes” (1998), “Snatch: Porcos e Diamantes” (2002) e “Rock n Rolla: A Grande Roubada” (2008).

Mas não. Há uma sutil maior sofisticação no trabalho de Shepard que, se o aproxima dos sucessos de Ritchie, vai apenas pela temática dos personagens que “de tão machão são engraçados”, e não pela estética. E isto é inteligente uma vez que a fórmula “criada” por Ritchie naqueles filme é dele e, provalvemente, soaria hoje esgotada.

Ao contrário dos outros filmes citados, “A Recompensa” não abusa de elipses; nem chega a usá-las, na verdade. Sua narrativa é reta. E se vemos o descontrolado Hemingway sofrer tantas reviravoltas em seu percurso é porque elas parecem próprias da sua vida desregrada.

Outra diferença (boa) é que aqui sobra espaço para enxergarmos o que há de humano debaixo da casca grossa que é Dom. Jude Law, ao dar corpo a Dom Hemingway, não poderia ter feito melhor escolha a essa altura de sua carreira – como o galã comportadinho e desejado pelas mulheres românticas. Aqui ele prova que pode também ser uma força da natureza na tela. Um cafajeste explosivo e convincente e, por que não, agora também atraente para um outro tipo de mulher

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