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Reportagens

Cidade de Deus: 10 Anos Depois, no Recife

Cavi: Procurei mostrar também que a vida não tornou-se glamourosa para os atores

Por Luiz Joaquim | 14.05.2014 (quarta-feira)

Em fevereiro de 2012, o CinemaEscrito divulgou em primeira mão o audacioso projeto que Cavi Borges, o jovem e mais prolífero produtor e diretor carioca, começava a desenvolver. Era “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”, documentário que preparava com Luciano Vidigal sobre não apenas o atual paradeiro dos atores que participaram do famigerado filme de Fernando Meireles mas também sobre o efeito que seu sucesso promoveu em suas vidas. Hoje o filme será exibido em sessão especial no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, às 20h30, com a presença de Cavi para um bate-papo com o publico.

Por razões diversas, “CdD 10 anos”, como ficou conhecido o projeto, não pode ser finalizado em 2012. Mas em setembro de 2013, Cavi e Luciano apresentaram o documentário no Festival do Rio e desde então o trabalhou começou a circular nos festivais do Brasil (Mostra de SP, Mostra de Tiradentes) e principalmente no exterior.

“Em Tiradentes, nosso filme passou na praça e a produção do evento celebrou dizendo que a sessão teve o maior público na história da mostra. De lá saímos com o prêmio do júri popular”, recorda Cavi. “Mostramos também o filme a Meireles, numa sessão exclusiva num cineminha dentro da própria O2 [sua produtora]. Foi parecido com o que ele fez com [José] Saramago, ao mostrar o flime -Ensaio sobre A Cegueira-. Ele disse que gostou, se estava sendo só educado aí eu não sei”, brinca Cavi.

Desde o início do projeto, o realizador entendia que “CdD 10 anos” naturalmente ganharia o interesse de outro países, pelo sucesso da obra original que lhe deu origem. De fato, após ser exibido num festival em Miami [EUA], o documentário tem sido convidado para constar no mundo inteiro. “Agora mesmo [terça-feira passada, à noite], o filme está sendo exibido em Londres”, destaca. “E temos agenda em Nova Iorque, Paris, Beijing [Pequim], Xangai e outros lugares quem nem imaginávamos chegar”, comemora lembrando que há interesse também de tevês, como a BBC britânica.

Sobre o resultado do trabalho, o cineasta explica que buscou também desmistificar algumas crenças “Algumas pessoas acham que os atores e técnicos do -Cidade de Deus- se deram bem depois do filme. Muitos deles ainda passam dificuldades, não puderam aproveitar a fama. Tem gente que deve dinheiro e é até jurado de morte. A idéia era também mostra este outro lado. O lado difícil dessas pessoas”, adianta.

Cavincansável: diretor, produtor, distribuidor
Desde que criou em 1997 a CaVídeo no Rio de Janeiro, Carlos Vinícius Borges, ou simplesmente Cavi Borges, não imaginava que ali viria a se tornar o principal ponto de referência carioca para a produção cinematográfica independente. O espaço passou a concentrar toda sorte de interessados em cinema até que o próprio Cavi resolver investir não apenas em suas próprias produções mas também na dos amigos, ou mesmo de desconhecidos que simplesmente ali apareciam para pedir ajuda.

Em nove anos produzindo, Cavi já se envolveu em mais de 80 projetos. E não pára. “Agora mesmo a gente está envolvido na produção de seis longas. Entre eles, “Faroeste”, de Abelardo de Carvalho; “Dois Casamentos”; do veterano Luiz Rosemberg Filho, “Rio em Chamas”, um coletivo feito por 11 cineastas cariocas – incluindo Daniel Caetano, Felipe Bragança (em resposta ao projeto internacional “Rio, Eu Te Amo”). “Cada deles fará um curta de cinco minutos marcando terreno sobre esse momento tenso que vivemos no Rio”, adianta.

Há ainda “Um Filme Francês”, o primeiro longa-metragem de ficção dirigido pelo próprio Cavi. “A gente brinca com a estética da Nouvelle Vague para contar a história de uma mulher que está fazendo seu primeiro filme em meio a um triângulo amoroso”, conta. Interessado no improviso, Cavi trabalha com um elenco de atores experientes no teatro: Patricia Niedermeier, Eron Cordeiro e Juliana Terra. As gravações já foram concluídas e Cavi já trabalha em sua edição.

Empreendedor que é, Cavi embrenhou-se agora numa nova empreitada. A da distribuição de filmes para cinema, quando criou a empresa “Filmes Livres”. “Próximo dia 29 vamos lançar o documentário -Setenta-, de Emília Silveira”, conta. E sobre o filme que revisita presos políticos brasileiros que foram enviados ao Chile nos anos 1970, Cavi faz questão de finalizar com orgulho: “E ele saiu vencedor do Festival Aruanda, em dezembro na Paraíba”.

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