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Críticas

Eu, Mamãe e Os Meninos

Sobre identidade sexual

Por Luiz Joaquim | 22.05.2014 (quinta-feira)

Após lançar “Yves Saint-Laurent”, filme de Jalil Lespert que abriu o Festival Varilux de Cinema Francês no Recife, em abril último, o cine Rosa e Silva coloca agora em cartaz “Eu, Mamãe e Os Meninos” (Les garçons et Guillaume, à table!, Fra., 2013). Obra que não só também figurou no Varilux 2014 como foi um de seus grandes sucessos de público.

O efeito que o diretor, roteirista e ator protagonista Guillaume Gallienne conseguiu com este seu filme no espectador foi tão curioso quanto surpreendente, e não apenas no Brasil. As sessões de “Eu, Mamãe…” costumam ser barulhentas de tantas gargalhadas que o artista estimula em sua plateia; muito em função do papel duplo que assume no enredo: o dele mesmo e o de sua mãe.

Na França o título foi um fenômeno. Considerado o melhor êxito comercial de lá em 2013, levou 2,6 milhões de pagantes às salas de cinema. Adaptado para a tela a partir de um monólogo teatral autobiográfico de Guillaume, com igual sucesso naquele país, “Eu, Mamãe…” não esconde suas origens.

No filme, o diretor/ator Guillaume intercala explícita e sabiamente as ações de seu personagem entre locações concretas e cenográficas com o próprio protagonista num palco, interagindo com uma platéia fictícia.

Seu drama consiste no fato de que desde criança ele era considerado como gay pela família e por todos ao redor. O humor, que também não esconde certa melancolia, nos faz olhar para Guillaume interpretando o garoto confuso que foi. Primeiro na infância, acreditando-se uma menina. Depois assustando-se com o fato de ser um menino, mas que todos diziam homossexual.

Com tantas certezas ao seu respeito, ele próprio passa a pensar assim também, mas sempre com um pulga atrás da orelha lhe incomodando a esse respeito. Com um sem-número de situações comicamente esdrúxula, por conta dessa confusão, é difícil ficar sério quando o pai flagra o Guillaume criança (interpretado pelo ator adulto) brincando de Sissi, a Imperatriz, fazendo da roupa de cama o seu vestido de luxo.
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Ou quando, enquanto aprende a dançar flamenco em Sevilla e, sem se dar conta, está fazendo os passos femininos; ou ainda quando tem sua primeira decepção amorosa com um colega num internato britânico.

O sucesso do filme não é à toa uma vez que, por ele, Guillaume nos mostra como é possível olhar para as asperezas da própria vida e ainda nos fazer sorrir com elas, mas não delas.

PREMIOS – Tendo passado pela Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes de 2013, “Eu, Mamãe e Os Meninos” levou dez César (o chamado Oscar do cinema Francês).

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