Mamães e o cinema
Mães: ainda mais malucas no cinema
Por Luiz Joaquim | 11.05.2014 (domingo)
Com 119 anos de existência o cinema já deu conta de tantos temas que seria impossível contabilizá-los. Jogar seu foco sobre a doce e ao mesmo tempo difícil tarefa de ser mãe então é algo que nunca é interrompido. Para aqueles que, por exemplo, quiserem ir a uma sala de cinema no Recife neste dia das mães revisitar o assunto, há ao menos uma bela opção chamada “Pelos Olhos de Maisie” (veja roteiro na página 4).
Na produção norte-americana, a perspectiva sobre a mãe (vivida por Julianne Moore) vem, como diz o título, por Maisie (Onata Aprile). Ela é uma garotinha de sete anos que acompanha um amargo processo vivido pelos seus pais. De um modo geral, as mães mais marcantes no cinema são aquelas, digamos, fora do padrão. Para construí-las, os filmes costumam concentrar forças naquilo que delas podem caricaturar melhor. E o caminho costuma ser, invariavelmente, pelo “excesso” de carinho, de cuidados, ou de repreensão e seus derivados.
Daí para o assunto virar uma comédia é um pulo. Que o diga um dos maiores hits de público do cinema brasileiro contemporâneo, “Minha Mãe é Uma Peça” (2013). Nele Paulo Gustavo vive a hiperativa e superprotetora Dona Hermina. O sucesso foi tanto – conquistou 4,5 milhões de espectadores – que estimulou a produção do filme 2. A estreia está apontada para 18 de junho e, agora, Dona Hermina é uma apresentadora de sucesso na tevê e tenta começar uma nova vida amorosa.
MÃES MALUCAS
No quesito “mães tirânicas”, dois filmes mostram como o mesmo tópico pode gerar tanto humor quanto tristeza. Em 1987, o baixinho Danny DeVito, por não mais suportar a mãe interpretada por Anne Ramsey (indicada ao Oscar por este papel), bola um plano para matá-la no infame e divertido “Jogue a Mamãe do Trêm”. Interessante lembrar que, dois anos antes, Ramsey também foi uma mãe insuportável no clássico juvenil “Os Goonies”.
Se Ramsey não conseguiu ser premiada pelo humor, MoNique deu mais sorte e levou a estatueta dourada pelo drama “Preciosa: Uma História de Esperança” (2009). No filme, que se passa em 1987, ela é abusa violentamente da filha Claireece (Garourey Sidibe), uma adolescente obesa, de 16 anos, e também mãe de um filho com síndrome de Down.
No quesito mãe adolescente, por transitar entre o humor e o drama, “Juno” (2007) ganhou as graças do público e também quase rendeu um Oscar a Ellen Page. No filme, também aos 16 anos, Juno engravida após a primeira transa e o presente inesperado remete a questões sérias, mas de forma leve, como a possibilidade de encaminhar o bebê para a adoção.
Mas sendo a data de hoje merecedora de ser lembrada pela graça, mesmo que insana, o que não pode faltar é “Mamãe É de Morte” (1994) do transgressor John Waters. Nele, Kathleen Turner parece ser a mãe perfeita, mas na verdade cultua o hábito nada sadio de assassinar os desafetos de seus filhos. Fica difícil, por exemplo, tentar reatar um namoro e descobrir que sua mãe matou seu namorado.
E como lição para as filhas entenderem o significado de ser mãe (e vice-versa), em 2003 Hollywood recorreu à velha fórmula da troca de corpos em “Sexta-feira Muito Louca”. Aqui Jamie Lee Curtis é uma mãe que vive em constante tensão com a filha (Lindsay Lohan). As particulares dificuldades de cada uma começam e ficar mais claras para elas quando uma passa a lidar literalmente na pele com os problemas da outra.
CINCO MÃES INESQUECÍVEIS DO CINEMA
Sofia (Meryl Streep)
A recordista em levar Oscars para casa, Meryl Streep, ainda estava no início da carreira (1982) quando interpretou uma polonesa em 1947, fugitiva de um campo de concentração nazista. Em a “A Escolha de Sofia” ela precisou tomar a mais difícil das decisões para uma mãe.
Joan (Faye Dunaway)
Em 1981, chegou aos cinemas a versão do livro “Mamãezinha Querida”, escrito por Christina Crawford – filha da atriz Joan Crawford (1906-1977). No filme, Faye Dunaway dá vida a Crawford que a filha relatou: abusiva, alcoólatra e que não demonstrava nenhum afeto pelos filhos.
Michaela e Jackie (Susan Saradon)
Sarandon quase ganhou o Oscar por duas vezes como duas mães marcantes que fizeram muita mulher (e marmanjo) chorar no cinema. A primeira, em 1992, era Michaela em “O Óleo de Lorenzo”, quando tornava-se uma leoa para amenizar o sofrimento do filho de seis anos com um rara doença de degeneração no cérebro. A outra foi Jackie, em 1998, por “Lado a Lado”, cujo filho não tolerava a madrasta vivida por Julia Roberts.
Maddalena (Anna Magnani)
Impossível falar das mães e esquecer as italianas. Uma das mais dignas representantes é a bela Anna Magnani na obra de arrepiar – “Belíssima” – criada em 1951 pela mente de gênio de Luchino Viscontti. No enredo, Maddalena faz de tudo para mostrar que a filha pequena pode ser uma atriz de cinema, e assim sair da vida miserável que leva.
Mãe (Mae Questel)
As mães judias também não escapam das piadas no cinema. Lembradas como superprotetoras, o suprasumo dessa situação está no seguimento “Édipo Arrasado”, curta-metragem criado por Woody Allen para o longa “Contos de Nova York” (1989). Aqui, sua mãe (Mae Questel) depois de morta simplesmente aparece no céu e repreende o pobre Sheldon (Allen) na frente de todos. Um pesadelo.
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