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Críticas

Mulheres ao Ataque

Mulheres sob influência

Por Luiz Joaquim | 09.05.2014 (sexta-feira)

Há um número tão grande de aspectos nocivos nessa pretensa comédia romântica chamada “Mulheres ao Ataque” (The Other Woman, EUA, 2014), escrita por Melissa Stack e dirigida por Nick Cassavetes, que fica difícil escolher por onde começar a avaliá-lo.

Uma boa introdução talvez fosse exercitar a imaginação e, mantendo a mesma história, pensarmos em homens vivendo os dilemas vividos pelas protagonistas mulheres. É possível que assim fique mais fácil perceber o quanto há de sexismo aqui.

Elas são a bem sucedida advogada novaiorquina Carly (Cameron Diaz), a rica dona de casa Kate (Leslie Mann) e a jovem e bem alimentada loira Amber (Kate Upton). Entre todas elas está o marido de Kate, Mark (Nikolaj Coster-Waldau, da série “Games of Thrones”) o bonitão que trai a esposa com as outras duas – e talvez mais cinco desconhecidas.

Logo no início Kate descobre que é traída e torna-se amiga íntima das duas amantes do marido. O filme justifica a amizade delas em função da solidão de Kate e pelo fato de que todas elas foram enganadas pelo garanhão. Como o revide do trio envolve a falência do malvado, o roteiro também inclui no vilão o pecado do roubo de dinheiro.

Para sintetizar, tudo se resume a vingança. E tal discurso vai se amarrando por detalhes, como os conselhos do tipo “egoístas vivem mais”, ditos a Carly pela sua secretária Lydia (a cantora Nicki Minaj com sua deformidade glútea).

Enquanto Mark é construído como o sociopata patológico perfeito para ter o pênis castrado, temos também como figura masculina o contraditório pai de Carly, Frank (Don Johnson, do original “Miami Vice”).

Ele um sessentão que após cinco divórcios agora sai com meninas 40 anos mais jovens. E há ainda o irmão de Kate, o gente boa Phil (Taylor Kinney) ao qual o roteiro de Stack não lhe muito dá espaço, só o suficiente para nos convencer de que ele é de fato um príncipe.

Phil entra na história, na verdade, apenas para – aos olhos do espectador – diminuir a imagem amarga dessas três tristes personagens e termos no filme um final feliz, mesmo que de plástico.

Como se não bastasse a deprimente contorção do roteiro de Stak para criar graça à força sobre uma situação triste, temos ainda uma Cameron Diaz decadente com seu bronze californiano e embranquecimento dentário atualizado em mais um papel deslocado para os seus 40 anos de idade. A vida não tá fácil.

PARENTESCO – O diretor Nick nasceu do amor entre o grande cineasta John Cassavetes (1929-1989) – resumidamente lembrado como o pai do cinema independente norte-americano – e a maravilhosa Gena Rowlands, atriz protagonistas dos filmes de seu marido, tais como “Face” (1968), “Uma Mulher Sob Influência” (1974), e “Glória” (1980).

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