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Reportagens

Soledad – produção

Faroeste praieiro

Por Luiz Joaquim | 19.05.2014 (segunda-feira)

O atento espectador de cinema do Recife já conhece seu trabalho pelos figurinos que produziu para os longas-metragens “Baixio das Bestas”, de Cláudio Assis, e “Amor, Plástico, Barulho”, de Renata Pinheiro, além do curta-metragem “Au Revoir”, de Milena Times. Ela também foi (bem) vista como o corpo inspirador para os desenhos feitos por Cavani Rosas usados na animação “Deixem Diana em Paz”, de Julio Cavani. Agora, se tudo der certo, até o final do ano veremos o primeiro filme que ela, Joana Gatis, dirige.

Residindo no Janga desde 2011, após ter vivido uma temporada em São Paulo, Joana conta que “Soledad” lhe é um projeto muito especial. “A ideia surgiu em 2010, quando escrevemos o roteiro eu e Flávia Vilela [mineira com quem Joana divide a direção do curta, além do cineasta Daniel Bandeira]. Dois anos se passaram, e ideia original ganhou novos contornos que casavam com o sentimento de isolamento morando num lugar distante do centro como é o Janga”, adianta.

No ano passado, além de Joana e Flávia, entrou na história Daniel (do longa “Amigos de Risco”). ” Ele chegou dizendo: -Ô maguinha, fiquei sabendo do projeto e estou aí pra ajudar-“, relembra a diretora estreante, destacando o quanto sua presença foi importante. “O roteiro precisou de um novo fôlego, que Daniel colocou muito bem. A gente costuma dizer que Daniel é o nosso cowboy nesse filme com tanta mulher”, brinca.

Mas, por que cowboy? Explica-se. “Soledad” é mais uma invenção (boa) própria da cinematografia que se faz em Pernambuco. É uma espécie de faroeste rodado no Janga, Maria Farinha e no nascedouro de Peixinhos, tendo contado com a participação e o apoio dos moradores destas localidades.

“Fãs do western irão reconhecer várias das convenções do gênero. Mas -Soledad- está longe de se comportar como um faroeste típico: sua história de paixão e vingança passa-se num tempo indefinido e se desenrola num ambiente praieiro, além, claro de ter como foco principal a saga de sua personagem-título, protagonista em um mundo de homens”, avisa Daniel Bandeira, que também incluiu recursos financeiros próprios no filme.

Para Joana, que também atua como a protagonista Soledad, “no enredo o tempo é indefinido. A gente gosta de pensar que estamos num futuro próximo [risos], e ela sobrevive com surpresas e decepções, coisas que a levam a mudar o rumo de sua vida. Ficamos um tempo considerando que Soledad poderia ser não apenas a personalidade da mulher, mas também a da cidade”, reflete. Como atriz Joana lembra que, para se preparar, até investiu em aprender montaria e a dançar flamenco.

O filme gravado em janeiro – com o luxo de ter usado duas câmeras – hoje está saindo da montagem. “Em breve será encaminhado para Clayton Martin, do [grupo] -Cidadão Instigado- compor a trilha [sonora]. Enquanto isso, corremos atrás de fundos para completar a finalização”, conta Daniel sobre este trabalho contemplado com R$ 100 pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

Joana tem como plano encerrar a pós-produção para fazer constar o curta na inscrição de festivais como o de Brasília, que acontece em setembro; “o que não impedirá que façamos tudo muito bem feito”, avisa. E complementa: “a correria atrás dos recursos que faltam – cerca de R$ 50 mil – é para fechar a pós-produção honrando todo mundo da equipe”, concluiu.

PRODUÇÃO – A equipe do filme conta com os talentos de Pedro Sotero na fotografia, Dani Vilela na arte, Guga Rocha no som, Andréa Monteiro no figurino, e Tayce Vale na maquiagem. A produção é de Manoela Torres. Daniel Bandeira também assina a montagem.

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