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Festivais

3o. Olhar (2014) – noites 3 e 4

A audácia dos novos olhares

Por Luiz Joaquim | 02.06.2014 (segunda-feira)

Festival Internacional de Curitiba – que segue até quinta-feira – vem cumprindo ao menos duas das funções próprias de um evento sério. Ou seja, além de abrir os olhos de seus espectadores para uma distante produção mundial, e mais audaciosa do ponto de vista estético, tem também agregado os profissionais curitibanos da área.

Não é difícil encontrar não só realizadores locais, mas pesquisadores e estudantes e ainda um público leigo em torno do que se apresenta neste Olhar para conhecer, aprender e discutir cinema. Este é, historicamente, o espírito dos bons festivais do gênero no mundo. E é daí que surgem novos talentos e possíveis futuras obras de arte.

Curioso também observar o interesse do público por obras tão radicais como as que compões a mostra ‘Outros Olhares’, dedicada à títulos que não se intimidam em arriscar-se pelo experimentalismo e mesmo pelo espírito non-sense, como é o caso do espanhol “La Distancia” (A Distância), de Sergio Caballero.

Aqui três anões mudos, que se comunicam por telepatia no idioma russo, precisam invadir uma usina na Sibéria para efetuar um roubo. Para chegar lá precisam ultrapassar um vigia mutante, com a capacidade da invisibilidade, e ainda um balde que fala japonês e é apaixonado por uma chaminé. Achou esquisito? Pois isto é apenas um sopro da ventania de empatia que o filme de Caballero (já exibido em Roterdã) provocou em seu público curitibano

Entre os 13 títulos do ‘Outros Olhares’, também chamou a atenção “The Second Game”(O segundo jogo, exibido em Berlim), do romeno Corneliu Porumboiu (de “A Leste de Bucareste”), sobre uma relação entre pai e filho a partir de uma partida de futebol dos anos 1980 vista pela tevê. O pernambucano “Amor, Plástico, Barulho” (exibe hoje e amanhã), de Renata Pinheiro, também configura neste programa.

Na competitiva de longas, impressionou o filipino “How to Disappear Completely” (Como desaparecer completamente, presente nos festivais de Locarno, Roterdã, Buenos Aires). Dirigido por Raya Martin, nos apresenta a vida assustada de uma menina com seus 10 anos de idade.

Vivendo entre a mãe que prega a Bíblia e o pai alcoólatra, a garota vive assombrada pelo pesadelo do abuso sexual. Ao final, temos quase que um tenso filme de horror, pelo qual a menina protagoniza sua vingança.

FRANCÊS – O longa vencedor de melhor primeiro filme no festival de Locarno, “Mouton/Sheep”, dos franceses Marianne Pistone e Gilles Deroo, também concorre em Curitiba. O protagonista-título, Carneiro, é um adolescente cuja vida de cozinheiro na pacata região litorânea de Courseulles (FRA.) é abruptamente interrompida. De forma fragmentada, o filme nos fala de seus efeitos.

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