Não há festival de cinema mais apropriado que o CINEfoot para o momento em que vive o Brasil. A seleção de filmes que aporta às 18h de hoje no cine São Luiz, e segue até quarta-feira, contempla o Recife com a versão itinerante da 5ª edição deste evento que é voltado exclusivamente para obras envolvendo o futebol.

As “partidas” cinematográficas do CINEfoot original, no Rio de Janeiro e São Paulo, incluem competição, mostras especiais, debates, oficinas, concursos de vídeos e homenagens, entre outras atividades. Este ano, vindo ao Recife pela segunda vez pela Rec Produtores, chega mais enxuta e objetiva. Serão apenas seis filmes, projetando um longa e um curta-metragem por dia – na terça-feira o festival não acontece em função do jogo Brasil x México.

“Trouxemos os títulos de maior destaque desta edição ao Recife, incluindo o vencedor deste ano, o -Democracia em Preto e Branco-, que fecha a mostra na quarta-feira”, explica Chico Ribeiro, diretor de produção da Rec. O filme de Pedro Asbeg investiga a ideia da democracia corintiana quando o conceito de liberdade ainda tateava no Brasil após o fim da ditadura nos anos 1980.

Dentro das homenagens deste ano, a edição local do festival joga seu foco sobre os centenários dos clubes pernambucanos Santa Cruz Futebol Clube e o América Futebol Clube. O Santinha será destaque já hoje na abertura com o curta “O Pai, O Filho e O Espirito Santa”, dos jornalistas Brenno Costa e Lucas Fitipaldi, que acompanha o tricolor Marcelo Farias testemunhando a conquista do tricampeonato estadual em 2013.

Para a cerimônia, comandada pelo jornalista Neco Tabosa, foi convidado o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, e o jornalista Samarone Lima, que na ocasião lança o terceiro livro de sua Trilogia das Cores, além de participar também hoje de um bate-papo após o longa-metragem “Dossiê 50: comício a favor dos náufragos”. No longa, Geneton Moraes Neto entrevista os onze jogadores que defenderam o Brasil contra o Uruguai na fatídica Copa do Mundo de 1950.

Para o América, o CINEfoot local preparou um presentão: a primeira exibição pública do novíssimo “O Poeta Americano” (quarta-feira, 19h30), de Lírio Ferreira. No documentário feito sob encomenda para o SescTV, Lírio investigou o João Cabral de Melo Neto (1920-1999) jogador de futebol, e não o poeta. As histórias são muitas, e Lírio as resumiu em 10 minutos.

Co-roteirizado com Marcelo Luna, fotografado por Pedro Sotero, “O Poeta…” resgata a paixão e o talento de João Cabral como volante do juvenil no América nos anos 1930, quando jogou até os 16 anos de idade. “O América poderia ter tido o primeiro título de hexa-campeão no Estado se na década de 1920 não tivesse tido um problema com a Federação Pernambucana”, destaca Lírio.

Outra curiosidade que o filme resgata é que a única foto do João Cabral futebolista é com a camisa do Santa Cruz. “Torcedor do América que era, ele diz que se arrependeu dessa foto. E só posou porque sua mãe era torcedora do Santa Cruz, time para o qual jogou em um ano, e ainda foi campeão”, adianta Lírio. O filme também traz o raro áudio da gravação dada pelo poeta ao jornalista Fábio Victor em 1999. Na última entrevista de sua vida a pauta do poeta não era literatura, mas sim o futebol.

INFANTIL – O CINEfoot também dá atenção às crianças com a “Mostra Dente de Leite”. Nove curtas serão exibidos na quarta-feira (18) às 16h em sessão a alunos que integram a rede municipal e participam do evento pela parceria da produção com a Prefeitura do Recife.

TV LATINA – “O Poeta Americano”, de Lírio Ferreira, faz parte do projeto “Cores do Futebol”, proposta pela Globa Media Exchange e pela Televisão América Latina (TAL), vinculada à tevês públicas em cinco países latino-americanos.