7º Funcultura Independente (2013/2014) – seleciona
Festa em Pernambuco
Por Luiz Joaquim | 17.06.2014 (terça-feira)
Ontem foi dia de festa para a categoria audiovisual pernambucana. E a festa tem o peso de um réveillon. Afinal, o ano bom para a categoria começa exatamente quando a Secretaria de Cultura do Estado com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) divulgam os contemplados pelo Programa de Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco, o chamado Funcultura Independente.
Neste seu 7ª edital, para o período 2013/2014, o programa selecionou 119 projetos (de um total de 370 inscritos), para os quais serão distribuídos os R$ 11,5 milhões, agora garantidos pela Lei estadual 15.307, de 4 de junho de 2014.
Durante o anúncio na manhã de ontem no Teatro Arraial, o Secretário de Cultura, Marcelo Canuto, chamou a atenção para o alcance do programa no interior do Estado. “Há uma dificuldade real em solidificar o Funcultura no Sertão, mas estamos avançando”. Como prova disso, Carla Francine, Coordenadora de Audiovisual da Fundarpe destacou que todas as Regiões de Desenvolvimento do Estado foram contempladas.
O produtor de Goiás, Itamar Borges, que participou da seleção nesta categoria, ressaltou que “os projetos são consistentes, tanto os do Sertão do Pajeú, quanto os do Agreste e da Zona da Mata”.
Francine, por sua vez, comemora também a abrangência do programa. “Temos atingido as várias fases do audiovisual, dando espaço ainda para sua renovação. Vocês verão, por exemplo, que dos 17 projetos aprovados na categoria curta-metragem, cinco são de estreantes”, resumiu.
Nesse mesmo espírito, o Funcultura Independente dará a chance a alguns realizadores com alguma experiência em curta-metragem de trabalhar no seu primeiro longa. É o caso de Mykaela Plotkin (“Senhoritas”), Júlio Cavani (“Polinização”), Petrônio de Lorena (“O Gigantesco Imã”), Tuca Siqueira (“Amores de Chumbo”), e Juliano Dornelles (“Vernissage”). Estes e mais alguns aparecem ao lado de experientes como Gabriel Mascaro (“Ventos de Agosto”), Marcelo Gomes (“Um Certo Joaquim”) e Cláudio Assis (“Piedade”) entre outros.
Para Thiago Rocha, diretor do Funcultura, o êxito do programa se revela também no compromisso com seus prazos. “Temos seguido à risca as datas e todos os compromissos que propomos, com o detalhe que todos os projetos que não foram contemplados também serão contactados por nossa equipe”, registrou.
Diversidade entre os projetos
A diversidade do Funcultura Independente pode ser conferida nas categorias pelas quais são divididos os cobiçados R$ 11,5 milhões anuais do programa estadual. Os 119 selecionados dividiram-se em oito linhas de trabalho.
Pesquisa (quatro projetos), formação (10), difusão (15), curta-metragem (17, sendo cinco do “Ary Severo”), produtos para tevê (15), longa-metragem (25, sendo seis para distribuição, três para finalização, sete para produção e oito para desenvolvimento de roteiro), cineclubes (21) e Revelando Pernambucos (12), destinada a projetos por Região de Desenvolvimento (RDs) do Estado, dos quais seis são de curta-metragem e seis de difusão.
Uma das linhas que dá orgulho a equipe do Funcultura é a de cineclubismo, “onde a paixão pelo cinema começa”, lembra Carla Francine. Nesse campo, entre as duas dezenas de contemplados aparece o “Toca o Terror”, cineclube dedicado ao cinema fantástico e de horror que agora ganhou um novo fôlego de R$ 16,2 mil.
Formado por Osvaldo Neto, Queops Negronski, Geraldo de Fraga, Jota Bosco, Jarmeson de Lima, Júlio César Carvalho e Diogo Monteiro, o “Toca o Terror” com suas atividades abriu a imaginação para Henrique Spencer e o designer André Pinto para desenvolver o projeto “Fãtásticos”, contemplado com R$ 79,5 mil na categoria Produto para TV.
“O recurso será usado para fazermos um programa piloto. O plano é conseguirmos, posteriormente, criar uma série de dez episódios. Teríamos uma história base para todos eles que ligariam os pontos entre si. A história deverá girar em torno daquela atividade de se reunir ao redor da fogueira para contar história de horror, lendas urbanas e coisas do gênero”, adianta André.
Na mesma categoria, os veteranos Cláudio Assis e Lírio Ferreira irão assinar juntos a direção de “Da Imensidão do Planalto da Borborema se Avista a Riqueza do Vale do Rio Pajeú”, selecionado com R$ 245 mil. “Serão quatro episódios. A ideia nasceu depois da produção que fiz para a instalação que Lírio dirigiu para o Cais do Sertão. Colocamos [o cantor] Lirinha entrevistando os poetas daquela região e conseguimos um incrível material de sete horas. Voltaremos lá para trabalhar mais e registrar a arte daqueles artistas”, explicou o diretor de “Febre do Rato”.
FESTIVAIS – O Funcultura Independente 2013/2014 irá liberar verba para mais festivais/mostras do que um ano pode comportar meses. Ao todo serão 15 eventos: Cinema Volante Luar do Sertão, 4º Stop Motion, 2º VerOuvindo, 15º Chinelo NoPé, Play de Movie, MOV, 4º Canavial, 2º Recifest, Olhar do Alto, 2º Cine Jangada, 7º Janela, 8º Vale Curtas, 7º Taquary, Curta Porto, 6º Animage.
São Luiz pode ser reequipado até o final de 2014
A festa do Funcultura Independente prestigia principalmente a produção de filmes, mas não esquece projetos de pesquisa, formação e produtos para tevê, além de projetos de cineclubes e difusão (festivais e mostras). Estes dois últimos dependem de um espaço físico e bem equipado para acontecer.
Considerando que o cinema São Luiz é a casa cinematográfica do Governo do Estado para o audiovisual, é de se esperar que o espaço fosse o principal a acolher os diversos projetos de difusão que ocorrem na capital pernambucana.
Alguns produtores destes festivais e mostras, entretanto, lamentam que parte dos recursos que recebem do Funcultura acabam sendo dedicados para equipar adequadamente o palácio da rua da Aurora com projeção e som digital para exibirem seus filmes, uma vez que o equipamento atual do São Luiz trabalha projetando película 35mm, formato cada vez mais raro no mercado.
No início deste 2014, a Fundarpe informou por nota ao CinemaEscrito que preparava uma licitação para comprar um equipamento de projeção digital 4K e 2K e possível sistema 3D e som dolby digital 7.1 para o São Luiz. A licitação já aconteceu e definiu um vencedor (a empresa paulista Hollywood Store). Aguarda-se apenas a liberação de recurso do governo para ambas as partes assinarem o contrato.
Conforme o secretário de cultura, Marcelo Canuto, e a Coordenadora de Audiovisual, Carla Francine, uma vez assinado o contrato a empresa terá entre 90 e 120 dias para instalar o novo equipamento de projeção.
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