Em “Vizinhos” (Neighbors, EUA, 2014) há uma sequência criada para provocar riso em que Mac, o personagem do ator Seth Rogen, literalmente ordenha a esposa Kelly (Rose Byrne). Sem poder amamentar seu bebê, Kelly sente tantas dores pelo volume de leite nos seios que a solução encontrada pelo casal é a ordenha.

A piada escatológica e sem graça dimensiona bem o perfil deste filme de Nicholas Stoller, diretor conhecido nos EUA pelos títulos do gênero, mas que aqui no Brasil tiveram seus filmes entrando direto no formato home-vídeo. O enredo concentra-se no problema do casal que acaba de mudar, com uma bebê de meses, para uma casa ao lado de outra alugada por uma república de universitários. Eles, diariamente, promovem festas barulhentas.

Liderando a república masculina, está Teddy (Zac Efron), cujo objetivo na vida é fazer alguma proeza de bagunça radical o suficiente para entrar para a história dos que precederam seu grupo na casa.

A ideia original por trás da “Vizinhos” poderia render uma bela comédia a ponto de ser tomada como referência no gênero. Isto porque que a distância geracional entre os vizinhos Mac e Teddy gira em torno de dez anos. Enquanto o primeiro está caminhando seus primeiros passos na responsabilidade de um pai de família aos 30 e poucos anos de idade, o segundo, uma década mais jovem, só se alimenta de álcool, drogas, sexo e malhação.

Se Mac não está distante o suficiente para sentir saudades das bagunças da juventude, Teddy também não é tão jovem e idiota o suficiente para não perceber que a universidade e a irresponsabilidade terão em breve que terminar; e um dia, num futuro próximo, ele não terá mais a seu abdômen “tanque de lavar roupa”, ficando em seu lugar o mesmo buchão que ele vê no vizinho Mac, exibindo-o sem pudor.

Até a sequência final de “Vizinhos” deixa no ar o aspecto digamos, pró-família, com um Mac apaixonado pela esposa e lembrando-lhe romanticamente que hoje sua grande e melhor festa de todas é estar com sua família.