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Festivais

6o. Paulinia (2014) – noite 3

Em busca de um outro reconhecimento

Por Luiz Joaquim | 26.07.2014 (sábado)

PAULINIA (SP) – Foi grande o rebuliço que tomou o Theatro Municipal na noite de quinta-feira do 6o Festival de Cinema de Paulínia. A razão? A presença da atriz Deborah Secco, que veio acompanhar a primeira exibição pública de “Boa Sorte”, longa de estreia de Carolina Jabor, filho do cineasta Arnaldo, também presente na sessão.

Os fãs da atriz lotaram o auditório como até agora não se tinha visto nesta edição, e o resultado, ao final da projeção, foram os aplausos mais efusivos e demorados do evento neste ano.

No palco, a diretora revelou sua natural ansiedade com a recepção do “primeiro público” de sua primeira ficção, mas não parecia maior que a ansiedade de Secco.

A atriz explicou que por uma série de circunstâncias e necessidades, sua carreira foi por um caminho que agora, a partir de “Boa Sorte”, deverá seguir uma outra trilha.

Disse com todas as palavras que era o trabalho “mais importante de sua vida” e, uma vez visto o filme, é possível entender o porquê. Sabe-se, inclusive, que Secco lutou para conquistar esse papel, passando até a investir recursos próprios na produção.

Baseado no conto “Frontal com Fanta”, de Jorge Furtado, o filme (roteirizado pelo próprio, com seu filho Pedro) dá a Secco a oportunidade de mostrar outros atributos além da beleza.

Na verdade, sua personagem, Judite, é uma mulher que combina uma beleza desglamourizada, com uma pesada carga dramática de vida. Soropositiva, viciada em todo tipo de drogas, ela vive numa clínica de reabilitação onde chega João (Pedro Zappa), de 17 anos.

João nunca dormiu com uma mulher, e foi parar ali por se viciar em tomar o medicamento Frontal com o refrigerante Fanta, acreditando que a combinação o deixava invisível.

Longe do tom soturno de “Bicho de Sete Cabeças” (2001), que de fato deu uma guinada na carreira de Rodrigo Santoro, “Boa Sorte” inclui humor no iminente romance do casal, pelo qual João amadurece.

E produção pode mesmo gerar o efeito que Secco espera. Esforçando-se e arriscando-se na tela – o que inclui muitas cenas de nu com seu corpo mais magro – a obra cativa, mas ainda assim parece obedecer a um esquemismo, particularmente no roteiro e na mise-en-scène, que parece reduzir o impacto da dores dos personagens.

O outro longa em competição da noite, o gaúcho “Castanha”, de David Pretto, chegou com o pedigree dos diversos festivais internacionais por onde passou: Berlim, Bafici (Arg.), Edimburgo, Hong Kong e Las Palmas.

Com os personagens interpretando suas próprias vidas, temos aqui João Carlos Castanha, que aos 52 anos vive só num pequeno apartamento suburbano com sua mãe Celina, de 72.

Castanha divide sua vida entre o trabalho como transformista numa boate gay, como ator de teatro e de televisão, ao mesmo tempo em que tenta cuidar de Celina, sempre preocupada com o ex-marido doente e internado, e com o neto drogado – sobrinho de João Carlos -, que constantemente ameaça a família com violência por dinheiro para sustentar o vicio.

Ressaltando de forma brutal o contraste entre o ambiente alegre do trabalho de Castanha, com o ambiente sofrido de sua vida pessoal, o filme perturba tanto pelo grau de intimidade que alcança com seu protagonista, quanto pela capacidade de nos fazer sofrer junto a ele.

*Viagem a convite do festival

PERNAMBUCANOS – A noite de ontem em Paulínia viu as projeções dos longas do carioca Fellipe Barbosa (“Casa Grande”) e de Lírio Ferreira (“Sangue Azul”). Hoje, encerrando a competição, temos o longa de Camilo Cavalcante (“A História da Eternidade”), e de Domingos Oliveira (“Infância”). Amanhã acontece a cerimônia de premiação.

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