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Críticas

Amor Fora da Lei

Unidos pelo amor, separados pela lei

Por Luiz Joaquim | 10.07.2014 (quinta-feira)

São, historicamente, poucos os títulos norte-americanos de produção modesta – para o padrão deles – que chegam ao circuito comercial brasileiro. O drama “Amor Fora da Lei” (“Ain t Them Bodies Saints”, EUA, 2013), de David Lowery, é um desses títulos. Talvez o prêmio de melhor fotografia conquistado no Festival Sundance, para independentes, no ano passado; ou talvez a presença no elenco de Casey Affleck (irmão de Ben) e Rooney Mara (indicada ao Oscar 2011 como melhor atriz por “Millennium”), enfim, seja qual for o motivo que tenha encurtado o caminho desse delicado romance ao espectador brasileiro, é bom que se possa vê-lo a partir de hoje nos multiplex.

Apesar da pouca experiência na direção de longas-metragens – mas boa experiência como montador -, o cineasta David Lowery toca este “Amor Fora da Lei” com a tranquilidade própria de quem conhece a força do encadeamento de informações trazidas entre os diálogos ditos pelos personagens com as informações trazidas apenas pela imagem (do fotógrafo Bradford Young). Seja esta imagem muda ou embalada por uma trilha sonora (de Daniel Hart), no caso, coerentemente serena com o enredo.

Declarando já em sua abertura que “esta história aconteceu no Texas”, “Amor Fora da Lei” vai aos anos 1970 para resgatar um acontecimento real e trazê-lo quase como uma fábula de amor. Aqui, o estímulo dramático do enredo pode ser descrito em poucas palavras – condenado foge da prisão e cruza o Texas em busca da mulher e da filha de quatro anos que não viu nascer. É um estímulo bom o suficiente para desenvolver uma larga potência dramatúrgica. Coisa que Lowery consegue no final.

Além da fotografia de luz rala ou suave, e da edição fluida – que inclusive interliga diálogos em off para outros planos em outro tempo e espaço distinto ao da fala presente – o filme oferece ainda Mara e Affleck (principalmente este) em ótimos momentos. Na verdade, “Amor Fora da Lei” é um daqueles trabalhos em que uma confluência de acertos técnico-artísticos rodam harmoniosamente em função do drama humano. Aqui ele é basicamente definido pelo amor impossível do casal protagonista. Um amor que na falta de palavras para explicá-lo – como diz a própria personagem de Mara – só o cinema para dar pistas de sua tradução.

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