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Críticas

Não Aceitamos Devoluções

Sobre paternidade

Por Luiz Joaquim | 03.07.2014 (quinta-feira)

Por uma bem-vinda circunstância, aportam no mesmo dia (hoje) no Recife dois filmes que vêm do México. Um é a comédia “Não Aceitamos Devoluções” (no Cinemark e Cinépolis), que é a estreia na direção do ator Eugênio Derbez, referendada pela aprovação de 18 milhões de espectadores em seu país; e o outro é “Heli” (no Cinema da Fundação – link da crítica aqui), a pancada forte que poucos conseguem suportar dada por Amat Escalante. O filme que lhe rendeu o título de melhor diretor em Cannes 2013. Entenda o porquê do êxito de cada um deles e o quão são distintos entre si.

NÃO ACEITAMOS DEVOLUÇÕES

“Marido se encontra em qualquer esquina, mas um bom pai…”. A máxima não é tão rara de se escutar pela boca de algumas mulheres, mas, e as boas mães? Seriam suficientes os noves meses de gestação para a genitora dizer que é uma boa mãe, mesmo tendo ela abandonado o bebê em seu primeiro mês? Para uma questão tão delicada o ator Eugênio Derbez escreveu um inspirado roteiro cômico o qual ele próprio dirigiu e protagonizou. O resultado é que “Não Aceitamos Devoluções” (No se Aceptan Devoluciones, Méx., 2013) tornou-se uma febre de sucesso em seu país.

No filme Derbez é Valentin. Um mulherengo que vive na paradisíaca Acapulco. Ele alterna-se entre as amantes latinas e um norte-americana chamada Julie (Jéssica Lindsey). É ela que, 11 meses depois do romance, surge à frente da casa de Valentin com a bebê Maggie, deixando-a para criá-la sozinho.

Decidido a continuar com seu estilo de vida, Valentin entra clandestinamente nos EUA para devolver Maggie a sua mãe. Sem falar uma palavra em inglês, não tem êxito na jornada, mas é confundido com um dublê de filmes de ações e acaba tornando-se um profissional respeitado em Hollywood.

Lutando constantemente contra seus maiores temores, ele vai tocando a vida como pode para dar a melhor educação a Maggie (Loreta Peralta). No processo, tornar-se um homem maduro e responsável, mas sem nunca perder a ternura, o que faz ser visto como um herói pela filhota. Tudo vai bem até Julie reaparecer seis anos depois e exigir a guarda da criança.

As várias gamas de situações de humor e tensão no enredo são tão bem entrelaçadas que não há como não se envolver de forma crescente com as confusões, ora ingênuas ora sérias, do atrapalhado Valentim. E no final, nem mesmo a desnaturada mãe sai como vilã, até porque maldade não se justifica pela origem sexual.

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