Transformers 4: A Era da Extinção
Transformando a China
Por Luiz Joaquim | 10.07.2014 (quinta-feira)
“Transformers” não é mais propriamente um filme. É, acima de tudo, um produto. Está é a primeira verdade que qualquer espectador de cinema com um mínimo de exigência por qualidade dramatúrgica precisa saber ao entrar em algum multiplex que o cerca para ver este quarto filme da franquia iniciada em 2007 pelo diretor e produtor Michael Bay. “Transformers 4: A Era da Extinção” (Age of Extinction, EUA, 2014) já em exibição em caráter de pré-estreia nos cinemas.
Sendo prioritariamente um produto feito para gerar lucro no mercado, é natural que as informações que mais chamam a atenção a seu respeito se referem a dinheiro, investimentos. E, como consequência, era de se esperar que este produto, ao custou de 210 milhões de dólares para Hollywood, não daria um passo em falso quanto ao seu alvo. Ou seja, o target (aproveitando o linguajar marqueteiro) não poderia hoje ser apenas a primeira maior economia do mundo, os EUA, mas sim também a segunda maior economia do mundo, a China.
Logo, mais do que a cultura milenar chinesa, mais do que as belas paisagens naturais asiáticas, mais do que suas lendas medievais ou arquitetura peculiar, o que explica o apelo visual da destruição em massa de Pequim na segunda parte dos 165 minutos deste “Era da Extinção” é o retorno financeiro do mercado exibidor cinematográfico chinês, que em 2013 surpreendeu o mundo.
Só que, “A Era da Extinção” tem algo a dizer de novo? Se o possui, é difícil de encontrar. Franquias como estas são minas de ouro, constantemente revisitadas a cada dois ou três anos para atrair novos espectadores (eles sempre existirão) e também acender um fagulha naquele outro que antes tinha 12 anos de idade e hoje está com 15. Como qualquer mina de ouro, esta também vai sendo explorado ao limite da estupidez até que seu veio seque totalmente.
No novo filme, roteirizado por Ehren Kruger (o mesmo desde o volume 2, “A Vingança dos Derrotados”, 2009), não temos mais o garoto Sam (Shia LaBeouf), protagonista dos três títulos anteriores. Desta vez, o lado que dá uma perspectiva humana a batalha entre os Autobots (os robôs gigantes alienígenas bonzinhos) e os Decepticons (os rôbo gigantes alienígenas do mal) é o da família de Cade (Mark Wahlberg).
Ele é um caipira texano que ganha a vida consertando tralhas e inventando trecos biomecânicos e assim tenta juntar dinheiro para pagar a faculdade da sua superprotegida e longilínea filha de 17 anos, Tessa (Nicola Peltz). Visitando um cinema desativado em busca de antigos projetores de filmes em película, Cade encontra um velho caminhão e o leva para casa para lá descobrir que ele é na verdade Optimus Prime, o autobot que havia desaparecido depois da batalha de Chicago, vista no filme 3.
Correndo em paralelo, conhecemos a história da conexão da CIA com a KSI, uma empresa privada que desenvolve tecnologia de ponta dirigida por Joshua (Stanley Tucci, esforçando-se como o milionário nervosinho divertido). Ambos trabalham juntos em torno da descoberta do gêne dos autobots a partir de um fóssil encontrado, e por ela a KSI poderá fabricar robôs gigantes ainda mais poderoros.
Numa outra camada da história, a CIA também negocia em segredo com Lockdown. Ele um novo rôbo gigante alienígena ainda mais malvado que está a procura de Optimus Prime. Quando o caldo engrossa nos EUA, a ação viaja para China, garantindo o interesse de centenas de milhares de espectadores pagantes.
De interessante, “Transformers 4” mantém sua mixagem de som tão impressionante quanto na obra de 2007. É para encher os ouvidos, ganhar ao Oscar 2015 e seguir sua sobrevida quando o filme chegar ao home-video. O mercado é mesmo muito faminto.
SEQUÊNCIA – Michael Bay já se articula na produção de “Transformers 5”. Pouco se sabe sobre a nova aventura ainda sem data de filmagem, mas Bay não aparece como diretor do novo filme. O cineasta, além do produtor Lorenzo Di Bonaventura e dos atores Jack Reynor e Nicola Peltz de “Transformers 4” estarão no Rio de Janeiro próxima quarta-feira para o lançamento do filme.
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