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Festivais

47o Brasília 2014 – noite 1

Um novo Cine Brasília

Por Luiz Joaquim | 18.09.2014 (quinta-feira)

BRASILIA (DF) – Diferente das sessões de abertura habitualmente acontecendo para mais de 1.400 pessoas na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro deu partida a sua 47a edição na noite de terça-feira no Cine Brasília (1200 lugares). Solo sagrado para a história do cinema brasileiro, o espaço entrou em reforma em 2012.

Em 2013 reabriu para sediar o festival, mas sem o equipamento de projeção DCP (digital cinema package). Resultou que naquele ano algumas sessões foram interrompidas em função de problemas no equipamento digital alugado para o festival.

Este ano, já com o projetor DCP definitivo, o secretário de cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira, começou seu discurso da abertura fazendo questão de dizer em alto e bom som: “Bem vindos a melhor sala de cinema do Brasil!”.

Orgulho por um trabalho bem feito à parte, é preciso reconhecer a boa qualidade do novo Cine Brasília, agora completo. Ao iniciar a sessão de abertura, com a versão restaurada de “Deus e O Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha (1939-1981), os dois aspectos técnicos que deveriam chamar a atenção – a luminosidade da projeção e a limpidez da nova copia do filme – fizeram jus à expectativa.

Paloma Rocha, filha do cineasta, esteve presente e discursou lembrando do esforço hercúleo para restaurar todo a obra do pai, hoje sob salvaguarda da Cinemateca Brasileira. Lamentou ainda a delicada situação por que passa o Tempo Glauber, em Salvador, e emocionou-se ao lembra da avó Dona Lúcia Rocha, figura sempre presente nos festivais, falecida em janeiro último.

Antes da projeção, houve a tradicional apresentação da orquestra sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, com numero reduzido de integrantes em função do pequeno espaço no palco do Cine Brasília.

Na pauta, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, uma performance das Bachianas no. 5, de Heitor Villa Lobos, com a bela interpretação de Janete Dornellas infelizmente ofuscada por uma microfonia; e um novo arranjo para “Perseguição”, música de Sérgio Ricardo composta para “Deus e O Diabo…”.

Já rever numa tela de cinema a versão restaurada do filme que após a participação no Festival de Cannes de 1964 chamou atenção do mundo para o Cinema Novo, renovou a crença na força da obra de Glauber; que impressiona ainda mais quando lembramos que o cineasta o realizou aos 24 anos de idade.

Como bem disse o secretário Hamilton Pereira, “Deus e O Diabo… é um marco na vida do país. Ele nos convoca, chama para colocar a nossa cara na frente do espelho, das nossas grandezas e misérias”.

A combinação entre a história que nos faz acompanhar a trajetória do vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey) e sua esposa Rosa (Yona Magalhães), fugindo da lei, da religião e do banditismo em direção ao Eldorado, somado aos arroubos estilístico criado por Glauber e fotografado por Waldemar Lima ainda tiram o fôlego do espectador contemporâneo. Como bem provou a platéia do Cine Brasília na terça-feira, aplaudindo-o ao final da sessão.

CLASSICOS – Corre em paralelo no Festival de Brasília a mostra “Reflexos do Golpe” com mais clássicos programados: “O Caso dos Irmão Nave”, “Macunaíma”, “Amuleto de Ogum”, “Iracema: Uma Transa Amazônica”.

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