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47o Brasília 2014 – noite 2

BRASILIA (DF) – O primeiro filme competitivo a exibir no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro veio de Pernambuco. E, coincidentemente, ao mesmo tempo que “Loja de Répteis”, de Pedro Severien, projetava na Capital Federal na noite de quarta-feira (17), também recebia o prêmio pela direção de arte no 21º Festival de Vitória (Espírito Santo). Vendo “Loja de Répteis” fica mais claro como […]

Por Luiz Joaquim | 19.09.2014 (sexta-feira)

BRASILIA (DF) – O primeiro filme competitivo a exibir no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro veio de Pernambuco. E, coincidentemente, ao mesmo tempo que “Loja de Répteis”, de Pedro Severien, projetava na Capital Federal na noite de quarta-feira (17), também recebia o prêmio pela direção de arte no 21º Festival de Vitória (Espírito Santo).

Vendo “Loja de Répteis” fica mais claro como Severien vem construído sua cinematografia (conscientemente ou não) de maneira a confrontar as inquietações internas e existenciais de seus personagens pela representação do ambiente que os cerca. Suas opções estéticas surgem, como ele próprio comentou em entrevista na manhã de ontem, em “traduzir audiovisualmente as obsessões e os limites que vivemos no nosso cotidiano”.

Realizado a partir de um conto escrito por Severien há cerca de dez anos, o filme situa-se numa casa colonial decadente onde funcionava uma loja de bichos como cobras, calangos e até um jacaré. Ali, a esposa (Maeve Jinkings) do proprietário da loja (Fransérgio Araújo), a princípio satisfeita com o fim da loja, passa por uma experiência traumática que a faz prestar mais atenção aos seus instintos.

Com fotografia meticulosamente desenhada pela sombras de Beto Martins, e auxiliado pelo som, além da trilha sonora de Mateus Alves com Piero Bianchi e Vinícius Nunes, “Loja de Répteis” surge como o filme mais bem elaborado e coeso do cineasta, no sentido das possibilidades de construções de sentidos.

Antes da exibição do longa-metragem concorrente da noite – “Sem Pena”, de Eugênio Puppo -, Brasília projetou o curta “Bashar”, de Diogo Faggiano. Nele temos um recorto duro sobre a realidade na Síria, quando o líder Bashar al-Assad criou um sistema de repressão e opressão militar contra manifestantes rebeldes, gerando uma guerra civil que naturalmente vitimiza inocentes.

Em “Sem Pena”, Puppo, com o estímulo e apoio oficial do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), construiu um filme para realçar a falência do sistema prisional brasileiro. Dados registram que hoje são mais de 15 milhões de encarcerados que individualmente custam R$ 1,5 mil ao Estado.

Mais delicado que questões econômicas, são os resultados criminosos que geram o sistema carcerário, pelos quais 75% reincidem no crime após a liberdade concedida, e “formam” marginais. A opção em entrevistar personagens como filósofos, antropólogos além dos tradicionais especialistas em direito penal, ex-presidiários e presidiários sem identifica-los inicialmente, dá a “Sem Pena” uma dimensão mais abrangente ao seu discursos inicial.

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