7o Janela (2014) – Abertura
São Luiz é o palco da abertura do festival
Por Luiz Joaquim | 24.10.2014 (sexta-feira)
Em 2013 o festival Janela Internacional de Cinema do Recife apresentará sua mais robusta e consistente programação desde sua criação em 2008. A então relação de títulos e eventos trazidos e promovidos pela dupla Emilie Lesclaux e Kleber Mendonça Filho naquele ano serviu de ponto de inflexão à mostra, colocando de forma inquestionável o Janela como objeto de interesse na agenda dos realizadores brasileiros. Na edição 7, que acontece de hoje a 2 de novembro nos cinemas São Luiz, da Fundação e, agora também, no Portomídia e no Cais do Sertão, o festival mantém a mesma força anterior, agregando 130 filmes, entre curtas e longas-metragens, de 17 países.
O diferencial, porém, não está em seu crescimento concretamente físico, ou numericamente nas ofertas fílmicas, mas na manutenção da boa qualidade de sua programação. Um dos itens que o tornou querido dos cinéfilos recifenses, e também daqueles fora de Pernambuco, são os títulos clássicos que exibe. Este ano, a série com obras sagrados de um recente cinema inicia hoje, às 23h, com “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), de Tobe Hooper, e amanhã cedo, às 11h, com “Juventude Transviada” (1955), de Nicholas Ray. Ambos exibem no São Luiz e seguem-se daí outros dez filmes, incluindo “Alien” (1979) e “Caçadores da Arca Perdida” (1981).
Mesmo com a exibição no Palácio da Rua da Aurora hoje às 18h30 do francês “Loulou” (1980) – filme de Maurice Pialat com Gérard Depardieu e Isabelle Huppert vivendo um romance existencial, dando início o foco “Pós Nouvelle Vague” deste Janela -, pode-se considerar que a sessão de abertura acontece mesmo às 21h com a primeira exibição no Estado de dois filmes locais, extremamente fortes e já premiados em outros festivais.
A sessão é comporta pelo curta-metragem “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, e o longa-metragem “Brasil S/A”, de Marcelo Pedroso. Diferentes na estética e na proposta discursiva, ambos têm sua força individual concentrada sob estes mesmos aspectos que os diferencia. Enquanto Nara e Tião olham ludicamente para o amadurecimento de um menino da cidade grande a partir de uma interiorana garota no litoral alagoano, Pedroso é impiedosamente delicado em sua reflexão audiovisual a respeito de uma suposta evolução e progresso político em prol da modernidade.
Pedroso, dono de uma coerência cinematográfica que poucos possuem no Brasil, cria aqui imagens inesquecíveis, combinando humor irônico com circunstância melancólicas envolvendo o meio ambiente e a vida numa metrópole. “Brasil S/A” faz assim, da ficção científica que é, um documento artisticamente valioso sobre o Brasil em que vivemos hoje.
INGRESSOS – No Cinema São Luiz. 40% dos ingressos estarão disponíveis para venda antecipadamente e 60% serão vendidos a partir de 120 minutos antes de cada sessão. No Cinema da Fundação, cinco filmes terão ingressos antecipados: “O Comboio do Medo”, “I Dolci Inganni”, “Brasil S/A”, “Ventos de Agosto” e “Biophilia”, na mesma proporção de 40%. Horário de bilheteria do São Luiz para vendas antecipadas: das 14h às 20h. Ingressos custam R$ 4 e R$ 2.
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