É muito provável que você nunca tenha visto algo parecido num longa-metragem com o que o diretor mineiro André Novais Oliveira faz em seu filme, “Ela Volta na Quinta”, que exibe hoje às 19h30 no Cinema da Fundação dentro do 7º Janela Internacional de Cinema do Recife.

Na história em que mostra o cotidiano e os dramas de uma família de classe média em Belo Horizonte, André trabalha com a mãe Maria José, o pai Norberto, o irmão Renato e a namorada Élida vivendo eles próprios em sua própria residência. O importante aqui é deixar claro que André criou um dramaturgia ficcional para tanto eles quanto seus familiares representarem para a câmera.

Quando exibido no último Festival de Brasília – de onde saiu premiado com os títulos de melhor ator e atriz coadjuvantes (Renato Novais e Élida Silpe) -, André contou que a ideia por trás dessa estrutura formal era “alcançar uma verdade que só percebo na minha vida privada”.

No caso do enredo, temos André como um cineasta voltando de um festival de cinema para a casa dos país: seu Norberto, que trabalha prestando assistência técnica de geladeira, e a dona de casa Maria José. Juntos a mais de 35 anos, o casal passa por uma crise velada, mas que não passa despercebida por André e o irmão Renato; este desejando formar sua própria família e em crise com seu trabalho.

Mais interessado no efeito destes personagens e em como suas relações interpessoais são impressas na tela, e menos interessado num história que sequestre o espectador pela trama, André faz de “Ela Volta na Quinta” um filme lindo no qual dá sim para perceber as verdades que ele tanta queria promover.

Num dos momentos mais fortes do filme, sua mãe, Dona Maria José, está deitada na cama e, enquanto o filho afere sua pressão cardíaca, ela o incentiva a seguir adiante em seu sonho – por mais maluco que possa parecer – de ser cineasta. Nada mais tocante tanto de um lado, do filho que cuida da mãe, quanto do outro, da mãe que cuida do filho. É o amor familiar em inspirada expressão artística.

SUCESSO – O 7º Janela comemora um público um recorde em sua história, foram mais de sete mil espectadores circulando entre o Cine São Luiz e o Cinema da Fundação no primeiro final de semana. Já hoje o festival também oferece sessões no Cais do Sertão às 10h e 12h (sessões infantis), às 15h30 (competitiva de curtas), e às 17h30 (Sessão “Toca o Terror”).