7o Janela (2014) – dia 7
Sinfonia da Necrópole
Por Luiz Joaquim | 30.10.2014 (quinta-feira)
Engrossando o caldo da competição entre longas-metragens deste 7º Janela Internacional de Cinema do Recife, às 19h de hoje no São Luiz, o festival apresenta a primeira incursão solo da paulista Juliana Rojas à frente de um longa-metragem. Falamos de “Sinfonia da Necrópole”, um musical num cemitério.
Aos 33 anos, Rojas já é bastante respeitada por diversos trabalhos no coletivo Filmes do Caixote. Alguns deles são “Trabalhar Cansa” (2011), que co-dirigiu com Marcos Dutra; “O Que se Move” (2012), que montou para Caetano Gotardo; e “Quando eu Era Vivo”, que também montou para Dutra.
Com “Sinfonia da Necrópole” a cineasta reforça seu interesse pelo sobrenatural, mas desta vez não para assustar e sim divertir e também emocionar, uma vez que essa história delicada respeita a morte e, por conseqüência, a vida, além de cativar pela originalidade e competência cinematográfica.
Pelo enredo, conhecemos o aprendiz de coveiro Deodato (Eduardo Gomes, divertido). Com total falta de aptidão para a função, acaba designado para ajudar a prestadora de serviço Jaqueline (Luciana Paes, ótima), que irá mapear e recadastrar os túmulos abandonados.
Eles irão fazer um reforma no cemitério, deixando-o com novos túmulos, agora verticalizados como a própria São Paulo, que aparece ao fundo. Tudo isso contra a vontade de Deodato, que vê na ação um sacrilégio perigoso.
O tímido e pobre aprendiz apaixona-se pela sofisticada Jaqueline e vemos o desenrolar do romance impossível, além de eventos sobrenaturais, ao som do elenco cantando meia dúzia de números musicais. As melodias são embaladas por pás, vassouras, ossos e qualquer outra objeto que possa virar um instrumento de som num cemitério.
Uma ou outra canção escrita por Rojas com Dutra e Ramiro Murilo é tão boa, e sonoramente bem arranjada, que pode agradar sozinha, mesmo fora do contexto do filme. É o caso daquela que ouvimos cantada pelo casal no carro do IML, com impressionante decupagem, condução de fotografia e montagem, dando fluência mesmo com poucas possibilidades de enquadramentos.
Logo após “Sinfonia…”, no mesmo São Luiz, às 21h15, passa o curta em Super-8 “Se Colar Olhou”, feito por Ivan Cordeiro ao lado do fotógrafo Regi Galvão e o produtor Cláudio Barroso durante a 1ª Exposição Internacional de Art Door do Recife. A mesma sessão projeta “Obra”, do paulista Gregório Graziosi que traz Irandhir Santos como um arquiteto que descobre um cemitério clandestino no terreno de sua família.
PRESENÇA – Irandhir Santos, que já foi visto sábado passado em “Permanência”, de Leonardo Lacca neste 7º Janela, volta a aparecer no sábado seguinte em “A História da Eternidade”, de Camilo Cavalcante.
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