A exibição de hoje dos curtas-metragens “Urbanos” e “A Felicidade Não é deste Mundo”, às 19h30 e 20h30 no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, é talvez o melhor exemplo da potência do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) em revelar novos talentos na área cinematográfica. Isto porque Alessandra Nilo e Séphora Silva, respectivas diretoras dos filmes acima, mesmo com pouca experiência dirigindo filmes só conseguiram tornar real o projeto em função do prêmio concedido em 2012 pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Mesmo inéditos no Recife os títulos já iniciaram uma pequena carreira de sucesso. Enquanto “A Felicidade…” levou o prêmio do júri popular no Festival de Cinema de Triunfo, “Urbanos” foi um dos quatro filmes do Brasil selecionados a constar no 33º Festival Internacional de Curtas-metragens de Uppsala, na Suécia, entre 20 a 26 deste mês.

Com processo diferentes de concepção, os curtas também olham para lugares distintos, mas compartilham em comum a tensão da vida contemporânea. A ideia original para “Urbanos”, por exemplo, foi expurgada nas três horas consecutivas em que Alessandra escreveu a base do roteiro após passar por uma situação limite de estresse no trânsito.

“Depois foram 2,5 anos burilando melhor as cinco histórietas interconectadas que permeiam o curta até chegar ao formato final que vemos na tela”, revelou a cineasta. No filme, o ambiente é o caos do trânsito – que contou inclusive com imagens reais de engarrafamento no Recife – no qual situações pautadas pela violência dão o tom dos personagens, incluindo um polítio corrupto.

“A cena do político irritado que tenta apagar um arquivo criminoso seria rodado originalmente aqui, tendo como cenário uma paisagem conhecida do Recife, mas achamos melhor utilizar o Congresso Nacional por entender que este espaço alcançaria um número maior de pessoas como importante centro do poder”, explica sobre a cena rodada em Brasília.

Já “A Felicidade Não É deste Mundo” olha para o interior de sua protagonista, a noiva Anita (Hilda Torres). “A ideia para o curta surgiu em 2009, em Triunfo, quando fazia parte do júri do festival de cinema. Ali vi a foto de uma noiva e seu semblante era muito triste. Aquele deveria ser um dos dias mais felizes de sua vida, mas não era o que parecia. Daí comecei a elaborar a história que levaria aquela mulher até aquele momento da foto”, revelou Séphora.

Para escolher a atriz – a grande força-motriz do filme – Séphora fez um teste com cinco candidatas e contou com a preparação de elenco de Sônia Bierbard. “Também tive consultoria de um psiquiatra que me ajudou a elaborar melhor como seriam as reações desta personagem que sofre de esquizofrenia pós-traumática”, conta. “A Felicidade…” foi todo rodado em Pesqueira, em fevereiro de 2013.

Ambos curtas exibem nas duas sessões – cada sessão soma 35 minutos de duração. Ambas tem entrada franca.