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Críticas

O Candidato Honesto

Piada pronta, risadas fáceis

Por Luiz Joaquim | 02.10.2014 (quinta-feira)

E o trio campeão de bilheteria nacional Roberto Santucci (diretor) , Paulo Cursino (roteirista) e Leando Hassum (ator) reuniram-se novamente para lançar mais um produto do humor nos cinemas. Com a estreia de “O Candidato Honesto” (Bra., 2014), o circuito exibidor verá nascer hoje mais um fenômeno que, arriscamos, deve levar, por baixo, dois milhões de espectadores aos cinemas.

Razão 1: o timing. A produção que é uma sátira ao universo político brasileiro protagonizado por um presidenciável (Hassum), e que no final da campanha não consegue mais mentir, está sendo lançado há três dias do primeiro turno da real eleição para Presidente no País.

Razão 2: o carisma. Hassum já possui uma legião de fãs fieis. A conquista foi feita não apenas pela tevê – “Zorra Total”, “Os Cara de Pau” -, mas no cinema – “Até que A Sorte nos Separe 1 e 2 (juntos conquistaram oito milhões de espectadores) -, e até na internet, onde seu Twitter é acompanhado por 1 milhão de seguidores.

Razão 3 (e mais importante): o equilíbrio. “O Candidato Honesto” é, talvez, o menos afetado e mais coerente filme (dentro do que se propõe) feito pelo trio.

Os acertos podem ser vistos no bom aproveitamento das piadas, tão fáceis de fazer – mas pouco aproveitadas pelo nosso cinema recente – por conta do descrédito crônico que o brasileiro possui pelos seus representantes eleitos (na verdade, piadas repetidas há quase três décadas de democracia no País).

Acertos também pelo roteiro bem estruturado e mais coeso (embora apelativo como “Até que A Sorte nos Separe”e “De Pernas pro Ar”). Trazendo uma história paralela da jovem jornalista (Luiza Valdetaro) que acredita no candidado até servir como figura fundamental para sua rendenção de político inescrupuloso.

E há ainda performances memoráveis, como a de Prazeres Barbosa (Dona Justina), a avó do presidenciável João Ernesto; o deputado federal protestante; e o pai de santo Paizim do Bode (Jovane Nunes), que incorpora numa sessão de descarrego figuras como Ulysses Guimarães, Getúlio Vargas e Dercy Gonçalves.

Curiosamente, Hassum oscila em sua atuação. Ora opera no formato Jerry Lewis de fazer caretas quando tenta evitar falar a verdade, ora no modo Steve Martin (“Um Espírito Baixou em Mim”) quando tenta evitar o seu corpo de operar na desonestidade. Sua autêntica personalidade do humor aflora naquilo que parece ser seu trunfo. Algo que passa pelo improviso do xingamento rápido.

“O Candidato Honesto” vai bem quase até o final, mas derrapa quando assume a postura politicamente correta pela redenção do corrupto. O único discurso que quer parecer sério (e o ator até se dirige para o espectador da sala), soa o mais frágil do filme. É como se Hassum, ao final da fala cívica, fosse rir de todos que o ouviram. A falta de credibilidade neste momento sério da comédia pisca como um sinal de alerta contra a limitação do ator.

De certa maneira, o filme encerra pra cima, sem dicas que haverá um “O Candidato Honesto 2”. Mas não duvidemos da criatividade do trio Santucci, Cursino, Hassum; nem dos milhões de espectadores que esta obra vai seduzir.

PERSONAGEM – No filme, o presidenciável João Ernesto traz um histórico de vida semelhante ao de Lula. Ele veio do Nordeste para o Sudeste, lutou num sindicado por justiça e criou um partido político, cujo símbolo é um Pica-pau.

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