47o Brasília (2014) premiação
Cineastas dividem prêmio em noite histórica
Por Luiz Joaquim | 24.11.2014 (segunda-feira)
BRASILIA (DF) – Se o 47o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vinha sendo registrado como uma edição história pela corajosa curadoria que selecionou os audaciosos longas-metragens em competição, a premiação do evento, ocorrida na noite de terça-feira no Cine Brasília, foi marcada por uma postura ainda mais radical, e política, por parte dos seis concorrentes daquela categoria.
O vencedor eleito como melhor filme pelo júri oficial foi “Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós, da Ceilândia (DF), e por isto receberia o prêmio de R$ 250 mil. Mas num consenso entre Adirley e os cineastas Gabriel Mascaro, Marcelo Pedroso, Eugenio Puppo, Taciano Valério e André Novais, ficou decidido que o valor seria dividido igualmente entre os seis.
O consenso gerou uma carta previamente escrita com seis pontos que foram lidos por Thiago Macêdo Correia logo após os agradecimentos finais de Adirley.
Entre os pontos lidos por Thiago, produtor do longa “Ela Volta na Quinta”, de Novais, um outro destacava-se por sugerir que “uma distribuição de verba em caráter de direito de exibição associada a um dinheiro em prêmio ao melhor filme representaria uma forma mais isonômica de distribuição do valor”. Isto em contraponto ao prêmio de R$ 250 mil para um filme.
PREMIAÇAO – “Branco Sai, Preto Fica” também levou os troféus Candangos de ator para Marquim – que agradeceu improvisando um rap -, e direção de arte, além do prêmio da critica Abraccine, da TV Brasil e o Saruê (do Correio Braziliense).
O título com maior número de Candangos foi “Brasil S/A”, de Marcelo Pedroso, eleito pela melhor direção, roteiro, montagem, som e trilha sonora. O também pernambucano Gabriel Mascaro foi lembrado pela fotografia de “Ventos de Agosto”, filme que deu a Dandara de Morais o titulo de melhor atriz. A obra recebeu ainda o prêmio Vaga Lume (Cinema para Cegos).
Os outros títulos foram os de ator e atriz coadjuvantes (Renato Novais e Élida Silpe, por “Ela Volta na Quinta”), e filme escolhido pelo júri popular, que selecionou “Sem Pena”, de Eugênio Puppo.
Entre os curtas-metragens, o melhor filme foi “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, que também levou prêmio de direção e montagem. “Loja de Répteis”, de Pedro Severien, também traz três prêmios a Pernambuco: trilha sonora, direção de arte, fotografia.
O ótimo “Estátua!”, de Gabriela Amaral Almeida, levou o prêmio Abraccine, além de roteiro e de atriz, este para Maeve Jinkings. “Depois do ano passado, pensei que não voltaria mais aqui”. A atriz disse ainda que personagens femininos tão profundos eram raros no cinema. “Não é uma reclamação, talvez uma provocação”.
Os outros prêmios da categoria ficaram com o brasiliense “Crônica de Uma Cidade Inventada” (júri popular), e “Geru” (som e melhor ator).
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