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Festivais

7º Janela (2014) – último dia

Lírio evoca a nobreza pelo amor

Por Luiz Joaquim | 02.11.2014 (domingo)

Chega ao final hoje o 7º Janela Internacional de Cinema do Recife. 129 filmes exibidos depois, o festival encerra sua festa cinematográfica oferecendo a primeira projeção no Estado de “Sangue Azul”, de Lírio Ferreira. É o quarto longa-metragem solo de Lírio e nele o co-autor (junto a Paulo Caldas) do clássico “Baile Perfumado” nos reforça sua visão de uma história humana amplamente influenciada pela força e beleza de um específico ambiente geográfico.

É talvez em “Sangue Azul” no qual este aspecto está mais saliente. Na sinopse oficial do filme, o artista de circo, Zolah (Daniel de Oliveira) volta 20 anos depois a uma ilha vulcânica – no caso, Fernando de Noronha, mas sem ser identificada no filme – com sua trupe e lá reencontra sua mãe (Sandra Corveloni) e irmã (Carolina Abras), de quem foi separado aos dez anos de idade por receio da mãe em ver acontecer neles uma relação incestuosa.

A geografia aqui é de fato tão importante aos personagens e à dramaturgia na narrativa que em 2008, por ocasião de uma primeira visita à locação, Lírio decidiu que a história teria de ser inteiramente rodada no arquipélago.

Em “Sangue Azul”, sobressae-se, sobretudo, uma potência cinematográfica que salienta-se em sua superfície visual e sonora. A começar pela abertura P&B, com a estrutura física de um circo sendo levantada na ilha. Já dai, vemos as coordenadas para um cinema extremamente consciente do força de uma composição cinematográfica, alicerçada por uma fotografia combinada a sua trilha sonora e ao timing que pede.

Disposto por capítulos – “Homem Bala”; “Insônia”; “Infância”; “Angustia”; “Lenda do amor proibido” – o filme de Lírio remete também, ao menos por três nomes destes capítulos à obra de Graciliano Ramos. Estas referências estão lá, entre outras razões, pela admiração de Lírio ao trabalho do alagoano. Críticos entretanto, já referendaram as imagens grandiloquentes criadas para o filme mais vinculadas ao espírito épico de outro escritor, este mineiro, Guimarães Rosa.

TROFEU – No 6º Festival de Cinema de Paulínia, onde teve sua premiere mundial em julho último, “Sangue Azul” saiu com dois troféus “Menina de Ouro”: pela fotografia de Mauro Pinheiro Jr. e pelo figurino de Juliana Physton.

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