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Reportagens

Traços de ousadia e inventividade

Programa -Traços Pernambucanos- vai ao ar às 20h pela TVU-PE

Por Luiz Joaquim | 23.11.2014 (domingo)

Uma paixão que nasceu na jornalista Danielle Romani mesmo antes dela aprender a escrever na infância – e que a persegue ainda hoje – ganha na TV Universitária (canal 11 – VHF) uma exposição criada pela própria Romani. Num trabalho conjunto com Rafael Coelho, eles assinam a direção do projeto “Traços Pernambucanos”, programa de tevê em três episódios que olha com atenção e carinho para História em Quadrinhos, cartoons, charges e outras ilustrações que fizeram e fazem história no Estado. Os episódios exibem sempre aos domingos, a partir de hoje, às 20h.

Editora de Suplementos desta Folha de Pernambuco, Romani conta que sendo as palavras (e não o audiovisual) o seu domínio original, pensou inicialmente em fazer um dicionário sobre os artistas do gênero na região. “Tendo um grande acervo de livros e HQs que acumulei ao longo da vida e adquiri no exterior, resolvi antes conversar com o amigo Rafael para bolarmos um projeto para a tevê”, recorda.

Aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o projeto ganhou corpo pela produtora Página 21 que deu estrutura aos três episódios com cerca de 23 minutos de duração cada um deles. “Começamos a captação em 2011, foram três anos de trabalho. À época trabalhamos com mini-DV e captamos 35 horas de material. Infelizmente não conseguimos o depoimento de muita gente importante que já faleceu ou mudou-se da cidade”.

Para o episódio que vai ao ar hoje, as informações concentram-se sobre a arte da charge, e já derruba o mito de que a primeira delas no Brasil teria surgido no Rio de Janeiro em 1837. “Traços Pernambucanos” não só recorda a histórica charge publicado no periódico pernambucano “O Carcundão”, como mostra o desenho irônico publicado ali em 1831.

Passando rapidamente pela evolução da técnica da impressão nos jornais, o episódio mostra o jornalista Ivan Maurício relembrando o “Jornal da Cidade”, que nos anos 1970 revelou os ilustradores Ral, Bione, Cavani Rosa além de ter resgatado Gato Felix, figura que trabalhou com Perícles Maranhão e junto a ele rascunhou o famoso “Amigo da Onça”, que ganharia o Brasil pela revista “O Cruzeiro”. “Aqui tivemos muito dificuldade para conseguir registros da arte rara de Felix, um talento que foi esquecido e morreu a mingua”, destaca Rafael.

Nas vozes de Lailson, Clériston, Humberto, Miguel também descobrimos como eram as dificuldades e audácias da vocação no período da ditadura, além da lógica para as suas criações.

No próximo domingo, o episódio dois lembra que os anos 1970 e 1980 o HQ brasileiro teve seu melhor momento, sendo a editora curitibana Grafipar uma grande referência com seus quadrinhos eróticos, de horror, ficção-científica. No elenco de mestres da editora, o pernambucano Watson Portela era um lenda. “Ele andava sumido há décadas, e tivemos a felicidade de reencontrá-lo morando em Jardim São Paulo”, lembra Romani.

Um dos destaques do episódio dois mostra exatamente Portela explicando sua inspiração para a criação de “Paralelas”, uma ficção-científica que tornou-se um marco no Brasil. Um outro Portela não menos importante, o Wilde, também aparece relembrando seu “Chet”, um western em quadrinhos que chegou a vender 60 mil exemplares por edição, ficando atrás no País apenas do famoso “Tex”. A “Chet” teve 25 números e chegou a ser publicada na França, Espanha, México, Bolívia e Canadá.

Encerrando “Traços Pernambucanos”, 06 de dezembro veremos Bione e Ral contando a história e as greias por trás do debochado “Papa-Figo” – há 27 anos circulando -; assim como Samuca contextualizando a poética do Cartoon e seu traço. Ainda há espaço para Jarbas e o sucesso de sua tirinha de jornal protagonizada pela Barô Barata, e a vozes de Cristiano Mascaro, Flavão e Lin sobre a experimentação gráfica da revista “Ragu”.

CURITIBA – Rafael Coelho residiu na pré-adolescência em Curitiba e naquela época tornou-se um leitor da Grafipar. Quando esteve na capital paranaense há poucos anos, não teve dúvidas, levou uma câmera e entrevistou Faruk El-Katib, o editor da famoso HQ. A conversa aparece no episódio dois de “Traços Pernambucanos”.

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