Ventos de Agosto
Produção entra em circuito nacional de exibição
Por Luiz Joaquim | 13.11.2014 (quinta-feira)
Em setembro, para o júri oficial do 47º Festival de Brasília, o primeiro longa-metragem mais declaradamente ficcionalizado de Gabriel Mascaro, “Ventos de Agosto”, chamou a atenção pela fotografia e também pela entrega da atriz Dandara de Morais. Para o júri do 7º Janela de Cinema, há 11 dias, o que lhes impressionou foi a direção de Mascaro e o som do filme. Mas, e para o espectador qual o talento deste filme?
A partir de hoje, “Ventos de Agosto” entra em cartaz para os mais rigorosos dos juizes, aqueles que pagam para ver um filme nos cinemas. Estreando no circuito comercial brasileiro, a história da tensão amorosa entre dois jovens – Shirley (Dandara) e Jeison (Geová Manoel dos Santos) – numa paisagem litorânea selvagem; na verdade Porto de Pedras, Alagoas, é algo que pode surpreender tanto pelo bem (com boa bilheteria), como pelo mal (com um ruim resultado de público).
O primeiro caso poderia ser explicado pelo que há de fácil – no sentido de acessível e agradável – no filme de Mascaro. E isto está impresso na ótima presença dos atores profissionais e não-profissionais em cena, nos diálogos simples e sinceros do roteiro, na paisagem sedutora e atraente e pelo alegria do sexo livre experimentado pelos protagonistas.
No segundo caso, o tempo, apesar de ser um aliado nas opções estéticas de Mascaro ao desenhar uma personalidade para sua história em consonância com o ambiente e personagens, pode também deixar algum dasavisado espectador mais exasperado, assim como essa história estranha (mas encantadora) que nos é mostrada na tela.
O que vale, no final das contas, independende do sucesso ou não de público, é que Gabriel nos deixa um trabalho sofisticado para podermos decifrá-lo. É um filme que funciona numa escala de complexidade em que a relação dos personagens com o seu ambiente – um lugarejo primitivo, do ponto de vista da tecnologia moderna e da cultura industrial – e seus anseios e desejos se confrontam com a imposição de contenções. Sejam contenções concretas ou metafóricas.
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