Movidos por uma carência que sentem na pele enquanto estudam na faculdade de Cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – curso iniciado em 2009 pela instituição – os universitários Amanda Beça, Vinícius Gouveia e Txai Ferreira arregaçaram as mangas e criaram o 1º Festival de Cinema Universitário de Pernambuco (Mov). Com abertura às 19h de hoje no cine São Luiz em sessões gratuitas, o evento vai reunir 35 curtas-metragens realizados por estudantes de cinema originados de 15 países.

Até quinta-feira (11), com sessão às 19h para produçoes estrangeiras e às 20h30 para produções nacionais, o Mov deverá cobrir o tal buraco não previsto na formação dos estudantes que incomodou o trio de estudantes. Com Amanda participando de intercâmbio universitário na Alemanha e Vinicíus na França, ambos perceberam por lá que as próprias universidades de cinema dali estimulavam a troca de informações entre alunos do cursto de outros países.

“É importante registrar que o Mov não está filiado a nenhuma universidade”, explica Thais Vidal da Ponte Produções que, junto a Viniv Produções, administram o festival realizado por uma equipe de 17 pessoas (incluindo monitores voluntários); e que só surgiu graças ao recurso de R$ 37 mil conquistado no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultra).

Com a coordenação curatorial do professor Laécio Ricardo, o trio contou tambem com a colaboração de Filipe Macena e André Valença para desenvolver o conceito por trás do festival. “Procuramos obras que refletissem criações o mais madura possível, considerando que a técnica servisse bem ao roteiro”, adiantou Amanda, enquanto Vinicíus completava: “Considerando que os recursos são mínimos num filme universitário, é interessante observar como a pouco estrutura pode gerar bons resutados”. Com isso, Amanda lembrou que “o esmero técnico nem era um crítério, e sim mais a carga autoral. A ideia é também dar voz ao começo da carreira desses estudantes”.

Na sexta-feira (12), o festival encerra divulgando os vencedores e promovendo às 20h30 uma sessão especial da “L Alternativa: Cinema Universitário Espanhol”, exibindo títulos marcantes da mostra universitária do festival, que tem curadoria de Patricia Sánchez.

Outras duas parcerias importantes engordam essa primeira edição do festival expandido sua ação para além da simples projeção de filmes. Uma delas acontece com o Instituto Cervantes (av. Gov. Agamenon Magalhães, 4535), onde acontecerão os seminários “Cinema e Educação: Olhar Faz Poesia”, com a doutoranda da PUC-SP Jane Pinheiro; e “Kinopolitks: Cinema e Política”, com Pedro Severien e Mariana Porto, que dá um passeio das relações entre o cinema brasileiro e suas interfaces com a política desde o tempo da Vera Cruz até os dias de hoje. Este última mesa surge a partir de uma parceria do Mov com a Associação Brasileira de Documentáristas e Curtametragistas – Seção Pernambuco e Associação Pernambucana de Cineastas (ABD-PE/APECI).

A outra instituição que entra colaborando com o festival é o Portomídia, no Bairro do Recife. Lá serão abrigados entre hoje e sexta (das 14h às 18h) a oficina “Direção para StopMotion”, ministrado por Nara Normande (de “Dia Estrelado”); e a oficina “Elaboração de Projetos: Financiando sua Ideia”, ministrado por Thais Vidal. “Eu tive muita dificuldade ao sair da faculdade e encarar a criação e formatação de um projeto para captar recursos num edital de audiovisual. É sobre isso que vamos falar e orientar os interessados pelo assunto”, adianta a jornalista. As aulas acontecem na mesma data, mas pela manhã (das 9h às 13h).

TECNOLOGIA – Todos os filmes inscritos no 1º Mov. foram disponibilizados para a avaliação dos curadores numa “nuvem” virtual. Os 35 filmes selecionados para o evento serão exibidos no São Luiz via projetor multimídia conectado a um computador portátil. As obras estão dispostas no formato digital H264 e MOV.