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Críticas

A Noite da Virada

Se ficar doidão, não celebre o réveillon

Por Luiz Joaquim | 18.12.2014 (quinta-feira)

A contemporânea comédia brasileira no cinema é algo a ser estudado. Numa observação rápida, vemos elas surgirem em sua totalidade – com exceção do fenômeno cearense “Cine Holiúdy” (2013) – como um retrato exclusivo da cultura “carióóca” de como representar o humor nacional. Até mesmo pela produção paulista da O2 Filmes (de Fernando Meirelles), como este seu “A Noite da Virada” (Bra., 2014) de Fábio Mendonça que estreia hoje, toda a situação humorada concentra-se entre dois vizinhos no Rio de Janeiro durante a festa de réveillon na casa de um deles.

Logo na cena de abertura de “A Noite da Virada” o espectador terá um déjà vu que irá remeter a “Se Beber, Não Case” (2009), com o traficante Paulão (Taumaturgo Ferreira, que deveria aparecer mais vezes no cinema brasileiro) acordando desmemoriado de uma ressaca monumental. Passados os créditos iniciais, o história passa a seguir seu caminho de forma linear, frustrando o espectador que é instigado a acreditar num enredo que colocaria os personagens em busca de soluções para um problema prévio, como acontece no filme gringo.

Ainda assim, o roteiro de Nina Crintz e Pedro Vicente (autor da peça “O Banheiro”, sob a qual o filme foi adaptado), é bastante bem desenvolvido, com diálogos rápidos e forte dinâmica entre os três núcleos de protagonismos e seus personagens satélites.

O protagonismo é dividido entre os casais simples e em crise Ana (Julia Rabello) e Duda (Paulo Tiefenthaler) – que em casa dão uma festa para 300 pessoas na virada do ano -, e Rosa (Luana Piovani) e Mario (Marcos Palmeira), o casal vizinho rico e de vida entediada. Ainda como papel de destaque Alê (Luana Martau) e o namorado (João Vicente de Castro, da “Porta dos Fundos”), que decidem trocar os sete pulos nas ondas do mar para dar sorte no novo ano por sete transas ao longo da festa.

Entre os convidados da festa, aparecem ainda a irmã de Ana, Sofia (Martha Nowill, de “Entre Nós”) e Paulão. Como um dos contatos de Paulão no tráfico, há a participação do violento Fumaça (Rodrigo SantAnna, o Valéria do “Zorra Total”), o único personagem paulista da história, e que passa o filme inteiro trancado num banheiro químico.

Nowill, Ferreira, SantAnna e também Tiefenthaler parecem os mais a vontade em “Noite da Virada”, sempre rápidos nas respostas que o roteiro pede, o que, junto a montagem dinâmica da obra, não deixa o nosso interesse cair ao longo dos 90 minutos de projeção. Ao mesmo tempo, essa mesma dinâmica e enquadramento obedecem o ritmo próprio das diversas telesséries que a O2 produz para os canais de TVs por assinatura. A sensação portante é a de que estamos assistindo, sim, a uma obra divertida, mas com o espírito televisivo; fácil de encontrar numa zapeada com o controle remoto em casa.

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