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Reportagens

Cine-PE volta ao São Luiz

Festival recifense encerra ciclo de 17 anos no Teatro Guararapes

Por Luiz Joaquim | 16.12.2014 (terça-feira)

Uma prática cultural de 17 anos, cultivada em 1998, está encerrada. O Cine-PE: Festival do Audiovisual, em sua edição 19 – programada para 2 a 8 de maio de 2015 – não irá acontecer no Teatro Guararapes. A informação foi confirmada ontem com exclusividade ao CinemaEscrito/Folha de Pernambuco pela Bertini Produções e Eventos (BPE), empresa responsável pelo festival. A casa que irá receber a competição cinematográfica no próximo ano é a mesma que lhe recebeu em sua origem, em 1997: o cinema São Luiz.

Na última edição do Cine-PE, há sete meses, a BPE promoveu as mais radicais mudanças em seu formato desde sua criação. Começando pela contratação na curadoria de um crítico de cinema, o carioca Rodrigo Fonseca, que por sua vez internacionalizou sua competição. As medidas buscavam contornar um ponto sensível que o evento vinha testemunhando nos últimos anos. Uma gradual e crescente diminuição de público. O mesmo público que lhe deu a fama de o “maracanã dos festivais”, alcunha dada por Pelé quando homenageado pelo evento em 2011.

“Há hoje uma grande concorrência de eventos de cinema no Recife, diferente do passado. Só entre festivais e mostras temos uma soma de 34 deles por ano no Estado”, contextualiza Sandra Bertini, da BPE. “Estamos saindo do Centro de Convenções mas nunca duvidamos da importância do Cine-PE e da sua contribuição para o espaço. A frequência pode ter diminuído, mas ele tem seu publico cativo. Todos os festivais estão se readequando. O CineCeará, por exemplo, aconteceu este ano em novembro”. A produtora explicou ainda que outros dois fatores pesaram na decisão pela mudança.

Um deles diz respeito a mobilidade, uma vez que o acesso ao Centro de Convenções sofreu com o aumento do fluxo de trânsito nos últimos anos. “Se há algum atraso para um show marcado para iniciar às 21h no Teatro Guararapes, não há tanto problema. Seu público não está preocupado com o horário que vai encerrar. Mas se o início de nossa programação atrasa, vai afetar toda a grade e empurrar os outros filmes para muito tarde, prejudicando a audiência das sessões seguintes”, pondera. O terceiro ponto, este administrativo, está relacionado com os custos do Cine-PE.

“Sem a locação do Teatro Guararapes, sem a montagem da praça de alimentação no Centro de Convenções, e ainda sem os gastos com as sinalizações necessárias vamos ganhar uma maior reserva para outros investimentos”, revela. Um destes investimentos, explica Sandra, é na garantia de uma acuidade técnica no que diz respeito a projeção a ao som do cine São Luiz para o caso da sala ainda não estar reequipada em maio. Um trabalho que o Governo do Estado deve iniciar em breve, como anunciou há algumas semanas.

A produtora reforça que o Cine-PE irá manter o mesmo padrão de sua programação. “Iremos preservar o formato do festival, ainda com obras estrangeiras e trazendo convidados internacionais, primando pela boa exibição de suas produções”. Sandra conclui lembrando que a BPE também trabalhará num novo esquema para o funcionamento da bilheteria do evento assim como trabalhará para garantir a segurança dos frequentadores.

HISTÓRIA
O Cine-PE: Festival do Audiovisual nasceu em 1997 com o nome “1º festival de Cinema do Recife” com sessões no Cinema São Luiz. Era um período árido de eventos culturais cinematográficos na capital pernambucana mas, ao mesmo tempo, de renascimento para a produção audiovisual no Estado.

O longa-metragem “O Baile Perfumado”, por exemplo, recebera o título de melhor filme no prestigiado Festival de Brasília em 1996 e foi na edição do festival recifense que o espectador local teve a oportunidade de ver a primeira projeção do título codirigido por Lírio Ferreira e Paulo Caldas.

No ano da segunda edição do festival a produção do evento precisaria encarar um gigante chamado Hollywood, e saiu perdendo. 1998 foi o ano que o fenômeno mundial “Titanic” chegava ao Brasil. Como o “2º Festival de Cinema do Recife” começaria em março no cine São Luiz – então administrado pelo fundador Grupo Severiano Ribeiro (GSR)-, interromperia as sessões da “mina de ouro” protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.

Como não houve acordo entre a BPE e o GSR quanto ao valor da locação do São Luiz, a produtora decidiu mudar-se para o Teatro Guararapes numa iniciativa ousada, mas que lhe renderia fama em todo o País em função de suas disputadas sessões com mais de 2.400 pessoas por projeção.

Em 2003 a BPE alterou a nomenclatura do festival para “Cine-PE: Festival do Audiovisual” considerando os novos formatos de captação e de projeção de imagem, que passava para o digital além da película.

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