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Reportagens

Um rumo para o Cineteatro do Parque (Recife)

Reforma prepara o equipamento para o ano do seu centenário

Por Luiz Joaquim | 03.12.2014 (quarta-feira)

Após quatro anos de portões fechados, o Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista, já tem previsão para ser entregue novamente à população do Recife. O prefeito Geraldo Júlio assinou ontem pela manhã a ordem de serviço para o início das obras de restauro, reforma e ampliação do equipamento cultural que completa 100 anos em agosto 2015. As obras, que devem começar ainda este mês, têm o prazo máximo de dois anos para serem concluídas. “O sonho de todo mundo é comemorar o centenário do Teatro do Parque com ele aberto, todo ocupado pela população. Vamos lutar para que isto aconteça. Planejamentos estão sempre vulneráveis”, sugeriu a Secretária de Cultura da cidade do Recife, Leda Alves.

Orçada em R$ 8,2 milhões, a reforma está sendo viabilizada com recursos do Gabinete de Projetos Especiais, da Prefeitura do Recife. Segundo o presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Diego Rocha, também está sendo desenvolvido um trabalho de captação de recursos privados. “Pela visibilidade que o Teatro do Parque tem, ele é um captador de recursos de grande potencial. Já temos alguns interessados em patrocinar a reforma. Há um projeto de captação em finalização, mas nada concreto até agora.

“A reforma ficou a cargo da empresa Concrepoxi Engenharia, vencedora do edital licitatório, que também realizou as obras de reforma do Teatro Hermilo Borba Filho e o projeto do Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. Para recuperar a estrutura original do Teatro do Parque, e empresa contou com levantamento histórico e arquitetônico do Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada (CECI), formado por especialistas da Universidade Federal de Pernambuco.

Atualmente, a estrutura física do teatro se encontra debilitada, com problemas de sistema de drenagem e hidráulico que devem ser sanados com a reforma. “Por conta das infiltrações, várias partes de alvenaria, pintura, cadeiras e o próprio piso do palco precisa ser trocado”, explica Diego. Além das obras civis, estão inclusos no projeto a modernização dos equipamentos, com tratamento acústico que se adequa à tecnologia digital 4K, de áudio e vídeo, visando o resgate do cine-teatro. Aquisição de mecanização cênica, recuperação do sistema de climatização e acessibilidade também estão previstos. Há ainda serviços suplementares que envolvem um novo tratamento paisagístico. “Os jardins do Teatro do Parque sempre foram uma referência a todos que o frequentaram. A ideia é que também possamos revivê-lo como Teatro-Jardim, como era chamado na minha infância. Não se trata de uma obra de engenharia comum”, garante o prefeito Geraldo Júlio.

No que diz respeito à ampliação do Teatro, o projeto prevê a construção de anexos para comportar ensaios e instrumentos da Banda Sinfônica e demais artistas que se apresentarem no local. A cinemateca Alberto Cavalcanti, cujo acervo comporta filmes brasileiros em 8mm, 16mm e 35mm, entre eles cópias raras do início do século passado e também mais recentes, estará novamente à disposição do público.

EXPECTATIVAS
“Espero que essa reforma ocorra bem e que não seja só uma maquiagem”, disse o ator e jornalista Leidson Ferraz. Para Geraldo Pinho, programador do Cine Teatro do Parque de 1993 a 2002, a expectativa é que o teatro seja devolvido à cidade “oferecendo o que há de melhor para que os artistas voltem a brilhar na tela e no palco”. “É o equipamento da Prefeitura com maior capacidade de público e maior diversidade de atrações. Recebe filmes, música, espetáculos de teatro adulto e infantil.” A atriz e produtora Paula de Renor enxerga o momento como um catalisador de formação de público. “Ganhamos não só um espaço a mais para os artistas se apresentarem. Com mais espaços abertos, trazemos mais pessoas para o teatro.” A retomada da programação também estimula a classe artística. “O Parque trouxe ótimas experiências para a produção local, pois possibilita a venda de ingressos a preços populares, gerando uma aproximação com o grande público”, acredita o ator e produtor Flávio Luiz, da Trupe do Barulho.

HISTÓRIA – Inaugurado em 1915 na Rua do Hospício, centro da cidade, o Teatro do Parque foi reconhecido como Imóvel de Preservação Ambiental em 2012. Projetado em art-noveau, com capacidade para 900 pessoas, o Parque passou por uma última reforma em 1999, quando foi instalado o sistema de refrigeração. O local foi palco de momentos históricos para a cidade do Recife, entre eles o auge do cinema mudo e a consagração do cinema falado.

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