18º Tiradentes (2015) – dia 6
Frederico Machado propõe viagem ao interior
Por Luiz Joaquim | 30.01.2015 (sexta-feira)
TIRADENTES (MG) – Produção pernambucana em dose tripla, quarta-feira, na 18º Mostra de Cinema de Tiradentes. Ela apareceu nos curtas-metragens “Loja de Répteis” de Pedro Severien – exibido no programa “Panorama” -, e “Virgindade”, de Chico Lacerda, competindo na principal “Foco”. Júlio Cavani também exibiu seu experimental “História Natural” em programa criado para projeção em praça pública de Tiradentes, além do longa-metragem “Brasil S/A” (na Tenda), de Marcelo Pedroso.
Por “Virgindade”, produto do coletivo Surto & Deslumbramento, cujo curta Lacerda confessou ter o não-oficial subtítulo “Criança Viada: O Filme”, temos, formalmente, a voz em off de seu diretor falando em primeira pessoa um texto no qual detalha as primeiras sensações sexuais ainda na mais tenra idade até seus primeiros contatos homossexuais na pré-adolescência.
Lacerda cobre suas falas com imagens captadas hoje de ambientes físicos literais ao que seu texto remete (casa, parada de ônibus, escola, cinema) e conclui já nos créditos com fotografias de arquivo pessoal, de sua infância. É aí, ao dar imagens vinculadas a realidade do autor do texto e a construção discursiva que ele sugeria inicialmente que o filme finalmente chega a uma dimensão dramática real.
EM CONSTRUÇÃO
Dois longas-metragens também exibidos na quarta-feira seguiram, a seu modo, os acasos oferecido pelo que o set de filmagem ofereceu a eles: “Errante: Um filme de Encontros” (programa “Sui Generis”), do gaúcho Gustavo Spolidoro, e “Signo das Tetas” (programa “Aurora”), segundo filme que vem do Maranhão pelas mãos de Frederico Machado, da Lume Filmes.
No primeiro o acaso era uma condição inicial para o filme. Surgiu de um projeto de mestrado de Spolidoro no qual elabora questões sobre o “cinema de um homem sozinho”. Em “Errante” o que definia o que o cineasta filmaria a cada dia era dito pelo que seu sonho na noite dormida lhe oferecia, ou pelos personagens que encontrava na rua. Resultou num filme leve e reflexivo sobre a liberdade que a vida oferece.
“O Signo da Teta” também foi lembrado como um filme de estrada pelo professor João Luiz Vieira, em Tiradentes, mas este que é o segundo filme de uma trilogia iniciada por Machado com “O Exercício do Caos” (2012), está mais vinculado a um discurso prévio, edipiano, no qual o protagonista (Lauande Aires) segue uma jornada, sempre perseguido pela ideia de um símbolo materno como definidor da existência.
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