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Críticas

Dois Dias, Uma Noite

Novo pertardo social dos Dardenne

Por Luiz Joaquim | 19.02.2015 (quinta-feira)

Primeira informação curiosa do mainstream sobre “Dois Dias, Uma Noite” (Deux Jours, Une Nuit, Bel./Fra./Ita.., 2014), dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne: o filme recebeu uma indicação ao Oscar 2015. Na cerimônia do próximo domingo, a atriz francesa Marion Cotillard concorre de igual para igual, falando seu idioma, contra Felicity Jones, Rosamund Pike, Julianne Moore e Reese Witherspoon falando em inglês.

Apesar da entrega absoluta da atriz para viver aqui a operária Sandra em “Dois Dias…”, o seu histórico em Hollywood – de onde já levou um Oscar por interpretar Edith Piaf em 2008 – parece ser o fator mais preponderante nesta sua nova indicação; sem contar o fato de a atriz também ter caído nas graças do público norte-americano por produções como “A Origem” (2010), “Meia-Noite em Paris” (2011) e “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012)

Sendo esta a única indicação de “Duas Noites…”, soa como se a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não estivesse dando muito bola para todo o resto que envolve este, mais uma vez, forte trabalho dos irmãos que já alcançaram o feito de ganhar duas Palmas de Ouro em Cannes – por “Rosetta” (1999) e “A Criança” (2005).

Assim como em todo o seu histórico de filmes, em “Dois Dias…” os Irmãos Dardenne repetem sua estratégia temática e estética primorosamente objetiva, além de bem conduzida, em acompanhar com uma câmera-testemunha uma personagem infortunada por circunstâncias sócias.

No caso temos Sandra (Cotillard, esquelética e desprovida de beleza) como uma depressiva em tratamento que precisa convencer num fim de semana oito colegas da fábrica onde trabalha a abdicarem de um bônus salarial individual de mil euros para que ela permaneça no emprego.

Sem estardalhaço, os Dardenne dão aqui a medida correta dessa luta injusta de uma doente necessitada contra colegas também necessitados, cada um a seu modo. Todos, ao final, são vitimas de uma recessão financeira que pode corromper, ficando apenas a ética e a moral individual (inclusive a do espectador) como juiz de tantos impasses.

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