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Críticas

O Jogo da Imitação

Pouca matemática, muito melodrama

Por Luiz Joaquim | 05.02.2015 (quinta-feira)

Das duas hipóteses, no mínimo uma deve ser confirmada: ou “O Jogo da Imitação” (The Imitation Game, GB/EUA, 2014) e suas oito indicações ao Oscar é o filme mais superestimado dessa leva de filmes em destaque nos cinemas, ou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que promove o evento em Hollywood, não é mais tão rigorosa como já foi um dia. Não seria também de impressionar se alguém “provasse” que as duas hipóteses estão corretas.

O roteiro adaptado por Graham Moore do livro biográfico “Alan Turing: The Enigma”, escrito por Andrew Hodges, e o que isto se transformou na forma do filme “O Jogo da Imitação” parece ser uma daqueles históricos desperdícios na indústria cinematográfica.

Apesar dos esforços do oscarizável e bom ator Benedict Cumberbatch em interpretar o matemático Turing (1912-1954), toda a direção de Morten Tyldum parece pôr abaixo a ideia de agregar valor aos esforços heroicos e pouco reconhecidos de um cientista que acelerou o final da Segunda Guerra Mundial, mas que para isso sempre precisou trabalhar em segredo, sendo ele um extremo vaidoso e ainda vítima de preconceito homossexual.

Aos materiais que vendem “O Jogo da Imitação” pela sinopse de que o enredo trata de como um promissor e petulante matemático britânico de 27 anos foi o responsável pela criação de uma máquina que desvendaria os códigos criptografados da máquina nazista chamada “Enigma” – vital para as estratégias de ataque dos alemães – é preciso dizer que estes são materiais, digamos, exagerados. A tensão no filme diz mais respeito a adaptação do protagonista a trabalhar em equipe.

O roteiro parece preguiçoso em desenvolver a complexidade do trabalho de Turing, e prefere focar-se em questões mais dramáticas de cunho pessoal. Não é o caso de hierarquizar o tamanho ou importâncias destes dois “tipos” de dramas, mas ao preterir a tensão científica por trás de tais aspectos e privilegiar as tensão ao trabalho em equipe que Turing precisava se adequar “O Jogo da Imitação” cai em armadilhas próprias que melodramas ruins já lidam em dezenas (centenas?) de filmes.

OSCAR – “O Jogo da Imitação” concorre a oito chances para levar o Oscar 2015 nas catetorias: melhor filme, ator (Benedict Cumberbatch), atriz coadjuvante (Keira Knightley), direção, montagem, trilha sonora, direção de arte e roteiro adaptado.

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