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Críticas

Eden

A alegria e a melancolia estã na -casa-

Por Luiz Joaquim | 26.03.2015 (quinta-feira)

Em meio a uma floresta francesa, em 1991, jovens caminham sob uma neblina e aos poucos o silêncio do campo vai dando espaço ao agudo da batida ritmada e oca com reverberações metálicas da techno music “Plastic dreams”, de Jaydee.

Desconhecida para muitos, a musica foi um dos tantos sucessos que embalaram aquela década com suas raves (festas acontecendo em lugares inusitados e guiadas pela musica eletrônica) que se popularizaram naqueles anos. É assim que a diretora Mia Hansen-Love dá partida a história contada em seu “Éden” (Fra., 2014), em cartaz no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

Conhecida pelo seu belíssimo anterior “Adeus, Primeiro Amor” (2010), Hansen-Love apropria-se, e bem, do cenário de ascensão na França dos DJs – incluindo aí o ainda hoje famosos Daft-Punk (a dupla Thomas e Guy-Man, que fazem uma ponta no final do filme) – para falar de mais uma juvenil aventura de descobertas sobre vida.

No caso, é a do adolescente Paul (Félix de Givry) que junta-se a um amigo e forma a dupla “Cheers”, bolando batidas inspiradas no gênero Garage, que é uma versão mais sincopada e rápida entre o house e a disco music.

Desenhando o percurso do jovem Paul nos seus 17 anos subseqüentes, Mia não economiza nas sequências sonoramente bem ilustradas com o melhor que o gênero gerou de melhor naquele período. As sequencias nas raves ou festas produzidas pela dupla Cheers e amigos tocam, por exemplo, desde The Orb, Frankie Knuckles (falecido ano passado) e Liquid, entre outros mestres.

Mas Hansen-Love concentra o drama na instabilidade da vida desregrada de Joe, que não se fixa a nenhuma garota definitiva, tendo nunca esquecido seu grande amor, Júlia (Greta Gerwig, de “Frances-Ha”).

Contrastando muito bem a euforia do mundo carregado de drogas contra as limitações da vida prática de Paul, a diretora oferece um retrato bastante realista de um universo que parece mais aprisionar jovens que se tornaram adultos mas, na verdade, nunca cresceram.

É como diz o já maduro Paul, a certa altura do filme, aos 36 anos, para a sua ex-namorada Louise (Pauline Etienne): é admirável saber deixar algumas coisas para trás.

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