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Críticas

Golpe Duplo

A nova aposta de Will Smith

Por Luiz Joaquim | 11.03.2015 (quarta-feira)

Will Smith. Elevado a categoria de uma dos mais bem pagos astros de Hollwyood tem as atenções da mídia especializada em cinema nos Estados Unidos voltadas para a estreia de seu novo filme, “Golpe Duplo” (Focus, EUA, 2015), que entrou em cartaz por lá há duas semanas. A curiosidade da indústria existe por conta do fracasso retumbante da ficção científica “Depois da Terra” (2013), projeto de Smith que custou US$ 130 milhões e rendeu menos da metade desse valor.

Por enquanto, no mercado gringo, o novo “Golpe Duplo” ainda pode se pagar. Com duas semanas em cartaz em 3.300 salas, rendeu US$ 35 milhões (custou US$ 50 milhões). No Brasil, entra em cartaz amanhã (12) prometendo ação e romance e traz a eterna curiosidade de ter um brasileiro no elenco. Na verdade, já não mais como uma novidade, sendo este ator Rodrigo Santoro fazendo mais um vilão. Aqui ele é o espanhol Garriga, empresário milionário da Fórmula Um que reside na Argentina.

Mas, e sobre o filme em si? Sim, “Golpe Duplo” cumpre a promessa de oferecer aventura e amor, mas de um forma um tanto atropelada, seguindo a proposta de mentiras sobre mentiras com as quais o protagonista ganha a vida.

Smith é Nick, um golpista em New Orleans (EUA). Ele é, na verdade, “o” golpista. Lidera um grupo de gatunos que roubam carteiras e engrupam qualquer turista levando seus pertences sem que eles nem deem conta. Certa noite, Nick conhece a loiríssima Jess (Margot Robbie, de “O Lobo de Wall Street”) que faz de tudo para entrar no seu bando. É nesse momento que “Golpe Duplo” sugere o clássico dos clássicos quando o assunto é afanar a carteira do próximo: o francês “Pickpocket: O Batedor de Carteiras” (1959), de Robert Bresson.

E, logo logo, o inevitável affair acontece entre o chefe e a estagiária dedicada. Mas, após um golpe recorde que rende US$ 2,2 milhões, Nick decide não mais misturar romance e negócios. Separados, o casal volta a encontrar-se em Buenos Aires três anos depois para onde Nick viajou, contratado por Garriga para passar-se por um de seus engenheiros desgarrados, infiltrar-se numa equipe concorrente e vender-lhes uma falsa fórmula secreta de seu combustível campeão.

A farsa em Buenos Aires rende as típicas cenas filmadas por gringos em pontos turísticos da capital argentina, como a Caminito, em La Boca; o mercado de San Miguel, e a incontornável Av. 9 de Julho com seu obelisco visto em belas imagens aéreas.

Entre a ação e o romance, “Golpe Duplo” encontra seu problema. Mesmo criando boas sequências de tensão, como a aposta num jogo de futebol entre Nick e um milionário asiático, o enredo não se decide levar a sério qual sua identidade, entregando um meio-termo de competência para os dois caso.

No caso da ação, elas (as cenas) passam, a certa altura, a serem vendidas ao espectador como algo que é fruto do gênio golpista de Nick. Ao passar do limite da credibilidade, o jogo de cena de quem está com a verdade extrapola o denominador comum da aceitabilidade do público. E o respeito pelo roteiro vai por água abaixo.

No caso do romance, Smith e Margot Robbie não possuem aquela tão desejada química que quando boa entre os atores, transparece nos personagens. Fica impressa na tela. A dupla de atores parece sempre estar aqui negociando algo, e não atuando. Um problema, uma vez que isto não serve a seus personagens.

Talvez o ainda melhor exemplo a servir como baliza para a relação amorosa entres golpistas venha lá de 1969, pelo filme “Crown: O Magnífico”, dirigido por Norman Jewson e estrelado pelo Steve McQueen com Faye Dunaway. É um trabalho que nos leva a um outro patamar de elegância e coerência narrativa.

MÚSICAS – Ponto alto de “Golpe Duplo” é a trilha sonora do filme que reúne tanto o bom rock, como “Sympathy for The Devil”, dos Stoner (aqui com um sentido narrativo), como o melhor da lounge music, com “Sofa Rockers” numa mixagem clássica do austríaco Richard Dorfmeister (aqui também ajudando a narrativa), entre outros bons barulhos pop, incluindo Iggy Pop.

LINHA DO TEMPO – carreira Will Smith

1995
Will Smith explode no cinema com “Os Bad Boys”, de Michael Bay. Ele é um dos policiais que forma uma dupla formada comMartin Lawrence, encarregados de encontrar um carregamento de cocaína. O sucesso rendeu uma sequência (2003) e deve gerar outra para até 2017.

1996
O megalomaníaco “Independence Day”, de Rolland Emerich, pões os americanos para lutar contra alieníginas em pleno 4 de julho (dia da independência norte-americana). Smith é a figura central nessa história. Em 2016 deve estrear “Independence Day 2”.

1997
MIB: Homens de Preto
Ao lado de Tommy Lee Jones, Smith protagoniza uma história alucinada como um agente secreto norte-americano que cuida da segurança da Terra fiscalizando os alienígenas que vivem por aqui. Filme ganhou sequência em 2002 e em 2012.

2004
Smith volta à ficção científica com o simpático “Eu, Robô”. O ano é 2035 e ele precisa caçar robês que quebraram o código de “não fazer mal a humanos”. Se Smith falhar, será o fim do mundo, a ser dominado pelos robôs.

2005
Com “Hitch: Conselheiro Amoroso”, Smith parece querer dar uma guinada em sua carreira, protagonizando os projetos que ele escolheria, e não mais os estúdios. Aqui ele é uma especialista em relacionamentos amorosos, menos no seu. Smith se sai bem.

2006
A estrela faz seu grande gol. Convida o diretor italiano Gabrielle Muccino para contar a história de um pobre pai solteiro nos anos 1970 desesperado para conseguir emprego como vendedor e dar conforto ao filho pequeno (Jaden Smith, seu próprio filho). Comoveu e conseguiu uma indicação ao Oscar aqui.

2007
De volta ao futuro distópico, Smith aparece em “Eu Sou a Lenda”, como o último homem existente na Terra. Na verdade, a produção é uma refilmagem de “Omega Man”, com nada mais nada menos que Sean Connery. O divertido no filme de Smith é vê-lo contracenar com Alice Braga

2008
Em “Hancock” Smith faz um super-heroi esquisito, que ninguém levou muito a sério e, claro busca sua redenção com um agente de relações públicas que ajudou a salvar. Não deu certo.

2008
Junto novamente a Grabielle Muccino, Smith tenta voltar a ganhar respeito como ator em “Sete Vidas”, sobre uma homem comum que se arrisca para salvar a vida de desconhecido. O que lhe move é um trauma pessoal. Exageros levaram o filme a um outro nível de emoção que não era a autêntica. Fracassou,

2013
Smith volta a atuar ao lado de Jaden, agora mais crescido e, num futuro distante quando voltam 1000 após a Terra ser devastada. Com apenas os dois atores tentando segurar o filme inteiro, também com o mote focando a relação pai-filho, a alta aposta de Smith encalhou nas bilheterias.

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