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Críticas

Kingsman: Serviço Secreto

Impecáveis no terno e no humor

Por Luiz Joaquim | 05.03.2015 (quinta-feira)

“Kingsman: Serviço Secreto” (Kingsman: Secret Service, GB, 2015), de Matthew Vaughn (de “Kick-Ass”), faz parte daquela categoria de filmes que não se levam a sério, muito embora sejam extremamente sérios em todos os quesitos técnicos e mesmo artísticos. Baseado no HQ homônica criado por Mark Millar e Dave Gibbons em 2012, o filme nos apresenta um serviço de espionagem britânico tão secreto que nem mesmo o FBI norte-americano tem conhecimento.

Tocando duas histórias paralelas que se encontram no meio do caminho, o enredo nos apresenta a busca do agente Harry Hart (Colin Firth, bem) por um jovem talento para substituir o espião da agência Kingsman que foi morto numa investida contra o vilão Valentine (Samuel L. Jackson), e para ajudar o próprio Harry a capturar o bandido.

O jovem talento escolhido a ser treinado para ser um Kingsman vem a ser Eggsy (Taron Egerton). Sem saber, o suburbano e sempre metido em problemas Eggsy era o filho de um agente Kingsman morto há 20 anos, ocasião em que salvou a vida de Harry. Enquanto o garoto passar por um longo teste para ser transformado de um sapo num príncipe, ou melhor, num Kingsman – espécie de espião com a elegância de um James Bond, mas com a malícia de um Jack Bauer (da série “24 Horas”) – o filme vai nos dando ao mesmo tempo pistas do plano maquiavélico de Valentine.

Como uma espécie de Steve Jobs da telefonia móvel, o bilionário Valentine tenta seduzir os mais importantes políticos e milionários do mundo a aderir ao seu assassino projeto para evitar a explosão demográfica mundial. Junto a ele está sua escudeira Gazelle (Sofia Bouttela), está sim, uma típica vilã esquisita própria da série 007, com afiadas e mortais lâminas de aço no lugar dos pés.

O nonsense do vilão maluco que quer dominar o mundo combina bem aqui com o humor das diálogos afiados, seja pelos Kingsman – que incluem o chefe Arthur (Michael Caine) e o treinador Merlin (Mark Strong) -, seja pela corja de Valentine ou pelos inimigos da família de Eggsy. Um bom exemplo disto está numa sequência em que Harry, disfarçado, investiga um radical culto religioso racista que condena os homossexuais e o aborto.

Cansado dos discurso do pastor, Harry pede licença para sair. Perguntado por uma fiel a razão de estar se retirando, ele responde, com a típica fleuma britânica: “É que preciso pegar meu marido negro na clínica de aborto que ele trabalha”.

A provocação promove uma das duas cenas de ação impressionantes que “Kingsman” oferece ao espectador, nos fazendo abrir bem os olhos. Não há nada de novo, tecnicamente, mas a ideia de colocar pequenas câmeras de excelente resolução – como as “GoPro” – atachadas nas vítimas das porradas que Harry aplica – e logicamente nos dando a perspectiva das quedas e pancadas que as vítimas recebem – promove uma dinâmica empolgante às cenas, que vêm combinadas com um balé impressionante de tão bem ensaiado. É irresponsavelmente divertido.

HAMILL – No HQ, “Serviço Secreto”, de Mark Millar e Dave Gibbons, o ator Mark Hamill (o Luke Skywalker, de “Guerra nas Estrelas”) aparece, como o ator famoso de Hollywood que é, sequestrado por terroristas. No filme “Kingsman”, o ator Hamill também aparece sequestrado mas ele interpreta o Professor Arnold, um especialista em crises sociais.

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