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Reportagens

Cinco Câmeras Quebradas

Câmeras que testemunham e salvam vidas

Por Luiz Joaquim | 09.04.2015 (quinta-feira)

Por uma promoção da Aliança Palestina Recife, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco exibe em sessão única a partir das 19h15 o documentário “Cinco Câmeras Quebradas” (Five Broken Cameras, Pal., Isr., Fra., Hol., 2011), dirigido pelo palestino Emad Burnat com o israelense Guy Davidi. Após a sessão, Burnat estará no palco da Fundaj para um debate ao lado do sociólogo Roberto Martins, do cineasta Marcelo Pedroso, de Cleiton Barros, do Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis, e do Padre Thiago Thorbly da Pastoral da Terra, com mediação do crítico de cinema André Dib.

Premiado em dezenas de festivais mundo afora, a vida do realizador Emad ganhou uma movimentação diferente daquela que ele apresenta em seu documentário. Viajou a diversos países, entre eles os Estados Unidos, onde conheceu ídolos como Robert Redford no Festival Sundance (de onde saiu premiado) e algumas outras estrelas na cerimônia do Oscar em 2013, quando concorreu como documentárista.

“Antes do filme, eu utilizava câmeras como um usuário comum”, conta o diretor por telefône de Brasília, de onde viaja hoje para o Recife. “Este foi o meu primeiro filme mais tradicional. Queria mostrar o que acontecia na minha cidade e com os meus amigos. Dar meu ponto de vista, mostrar por dentro o que estávamos fazendo”, contextualiza.

Em 2005, quando na aldeia de Bil-in nasceu o quarto filho de Burnat, ele ganhou sua primeira câmera. A ideia era acompanhar o crescimento da criança. Mas os israelenses começam a demolir aldeias para construir uma barreira e separar Bil-in do assentamento judaico Modi-in Illit.

Os moradores resistiram durante todo o ano, Burnat filma essa luta, que é liderado por dois dos seus melhores amigos e registra a polícia batendo e prendendo moradores e ativistas que vêm para apoiá-los. Logo, estes acontecimentos começam a afetar a vida da própria família de Burnat.

“Eu simplesmente não conseguia parar de filmar o que acontecia. A câmera sempre foi minha amiga. Era minha arma, mas não para matar gente mas sim para nos proteger contra a violência”, explica. A câmera como proteção, no caso de Burnat, serve como exemplo de escudo literal também. Uma delas salvou sua vida, quando amorteceu um tiro e evitou sua morte.

Burnat conta que conheceu seu co-diretor, Davidi, quando ele foi à aldeia para participar das manifestações. “Como eu precisava de alguém para me ajudar, ele entrou no processo na última parte da edição do filme”.

“O filme passou no mundo inteiro ganhou mais de 40 prêmios. A indicação ao Oscar foi uma coisa boa, o mais importante, entretanto, é expor uma outra perspectiva da causa palestina. Quando a pessoa entra para assistir o filme, sai de outro jeito”, observa. E complementa: “É uma luta desigual, esta nossa nos conflitos contra o exército israelense. Não temos armas, e nossa luta sempre foi pacífica. E na mídia não é essa nossa forma de lutar que aparece”, concluiu.

A entrada para a sessão de hoje é gratuita e, durante o evento, a Aliança arrecadará bolas de futebol para serem doadas às crianças palestinas.

ALIANÇA – Este é um evento promovido pela Aliança Palestina Recife, fundada por pernambucanos e descendentes de palestinos em julho de 2014, durante o massacre promovido por Israel em Gaza. Desde então, a Aliança promove ações para divulgar a situação vivida pelo povo palestino desde 1948, bem como arrecadar doações que são enviadas diretamente para as aldeias nos territórios ocupados.

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