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Críticas

19ª Cine-PE (2015) – Helena Ignez

Helena de todos

no still, Helena Ignez em “A Mulher de Todos

Por Luiz Joaquim | 08.05.2015 (sexta-feira)

 

E você aí se achando moderninha, heim? Pois está na hora de conhecer esta jovem senhora chamada Helena Ignez, 72 anos, a ser homenageada logo mais no cine São Luiz pelo 19º Cine-PE: Festival do Audiovisual. Com a presença desta “mulher de todos”, o evento pernambucano parece ter voltar a acertar no alvo quando a questão ser refere a celebrar personalidades que de fato contribuíram e elevaram a qualidade do cinema brasileiro.

A baiana que conheceu e namorou Glauber Rocha (1939-1981) ainda na faculdade em Salvador e lá atuou no primeiro curta-metragem do mentor do Cinema Novo – “Pátio” (1959) – também viria a estrelar, ainda na capital baiana, o primeiro longa de ficção de Roberto Pires, “A Grande Feira”, (1961).

Quando migrou para o Rio de Janeiro, com a filha Paloma Rocha, fruto da união com Glauber até o início dos anos 1960, figurou em outro clássico absoluto de nossa cinematografia – “O Assalto ao Trem Pagador” (1962) – de Roberto Farias. Foi também foi uma das responsáveis pela beleza e brilhantismo vistos em “O Padre e A Moça” (1965), rodado em Minas Gerais, com Joaquim Pedro de Andrade debutando num longa de ficção, assim como o era para o parceiro de Helena no enredo, um jovem e iniciante ator chamado Paulo José.

Depois conheceu e namorou Júlio Bressane, tendo atuado sob a batuta desse outro gênio do cinema nacional em “Cara a Cara”, (1967). Mas foi em São Paulo, com a verdadeira paixão de sua vida, o cineasta Rogério Sganzerla (1942-2004) com quem a atriz viria a se identificar com o espírito livre e libertária que ela precisava para iluminar todos os espaços que merecia ocupar numa tela de cinema.

Pelas mãos do marido, com quem teve dois filhos – entre eles a atriz Djin Sganzerla (presente no 19ª Cine-PE como júri) -, Helena foi a pistoleira Janete Jane em “O Bandido da Luz Vermelha” (1968) – um dos filmes brasileiros mais celebrados no mundo -; foi também a prostituta bêbada, hipnotizadora fracassada, striper e vampira histérica, Ângela Carne e Osso, em “A Mulher de Todos” (1969); e ainda a médium aspirante a cantora de rádio, Sônia Silk, em “Copacabana Mon Amour” (1970).

Este último já era resultado da lendário produtora “Belair”, fruto do encontro nascido entre Sganzerla e Bressane, quando realizaram sete filmes em apenas quatro meses de 1970. Figura vital na lendária “Belair”, Helena seguiria os anos posteriores não só atuando em mais de uma dezena de filmes como, mais recentemente, dirigindo.

É o caso de “Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2010), quando retoma os passos de “O Bandido…”; e quando, ano passado, esteve no último filme de Ricardo Miranda (1950-2014), “Paixão e Virtude”.

À propósito, tanto pelos filmes recentes de Helena Ignez, quanto por todos os clássicos citados neste texto – com boas cópias disponíveis no Brasil – o 19ª Cine-PE pecou por não programar a exibição de, pelo menos, um deles, para que seu publico fosse brindado com o talento da homenageada na tela.

MAIS FILMES – Outros títulos recentes com Helena Ignez: “São Jerônimo” (1999), de Bressane; “O Signo do Caos” (2003), de Sganzerla; “Encarnação do Demônio” (2008), de José Mojica Marins; e “Hotel Atlântico” (2009), de Suzana Amaral.

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