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Festivais

19º Cine-PE (2015) – noite 4

Animação de Marão acena como forte candidato

Por Luiz Joaquim | 07.05.2015 (quinta-feira)

Numa noite em que o Recife vivia tensões sócio-políticas pelas ruas da cidade, a noite da terça-feira, a quarta da maratona do 19ª Cine-PE: Festival do Audiovisual, começava com palavras de protesto também do cineasta Lírio Ferreira, que apresentava no cine São Luiz seu curta-metragem “O Poeta Americano”. No filme, o cineasta resgata com lirismo visual os momentos futebolísticos do poeta João Cabral de Melo Neto em sua juventude jogando no América Futebol Clube. No palco, Lírio fez questão de registrar que a sede do clube, na Estrada do Arraial, foi leiloada. “Certamente foi comprada por empreiteiras que vilipendiam o Recife com o aval do poder público”, disse, sendo aplaudido pela plateia.

Na competição nacional de curtas, a catarinense Cíntia Domit Bittar lançava seu novo filme após o sucesso de “Qual Queijo Você Quer?”. Com boa produção de arte (o novo filme se passa em 1970), a mescla de humor e suspense feitas por Cíntia em “O Segredo da Família Urso” parece mais apontar para uma realizadora no caminho certo para um futuro trabalho de acertos, do que traduzir sua ideia em total aproveitamento neste curta.

Já com “Até a China”, o craque carioca da animação, Marão, nos apresentou, até o momento, com o filme mais redondo da competição. Com um roteiro disfarçado de simples, Marão descreve as desventuras de um viagem à China e todos os naturais contrastes diante da cultural oriental. Carregado de excelente humor, justamente por ressaltar a graça do óbvio que se consegue ver apenas quando somos explicitamente expostos a ele, e com um traço que reforça a sua narração espirituosa, “Até China” parece ter conquistados a todos.

O longa-metragem da noite, o documentário “Daqui Deste Lugar”, de Fernando Coimbra e Sérgio Machado, pareceu irregular na distribuição de tensões (e alegrias) ao acompanhar três famílias contempladas com o programa social “Bolsa Família” nas cidades de Tauá (Ceará), Rio Grande (Rio Grande do Sul) e São Paulo (SP). Impressiona a câmera invisível que nos coloca dentro do dia-a-dia destas famílias, mas um aparente desequilíbrio de empatia entre os três protagonistas escolhidos parece diminuir a potência do filme. Por essa perspectiva, saiu-se vitoriosa o seguimento que segue a família da jovem cearense Natália Mota, presente na sessão de anteontem.

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