19º Cine-PE (2015) – noites 2 e 3
Uma noite curta no Cine-PE
Por Luiz Joaquim | 05.05.2015 (terça-feira)
Ontem foi uma noite incomum na história do Cine-PE: Festival do Audiovisual. Foram projetados apenas três curtas-metragens – “Gaivota”, na competição pernambucana, e o mineiro “Palace Hotel” com o paulista “Vestibular”, na competitiva nacional. E só. É que um dos títulos mais esperados da competitiva de longas-metragens – programado para exibir ontem – não ganhou as telas do São Luiz.
A organização do Cine-PE anunciou que a cópia digital (no formato DCP) de “Cavalo Dinheiro”, filme do português Pedro Costa, enviada à direção do evento não chegou a tempo. Em comunicado à imprensa, o festival anunciou que Costa enviou e-mail à produção desculpando-se pelo contratempo.
“Lamento não poder facultar-vos outro DCP, mas a razão é tristemente simples: não tenho outro disponível porque não tenho fundos para produzir mais discos”, teria escrito o diretor. A presença do cineasta no Recife também foi inviabilizada por causa da greve da companhia aérea TAP, que tem cancelado boa parte dos vôos para o Brasil, justificou o festival.
DOMINGO
Aguardado com cerca expectativa, muito em função da presença de Lázaro Ramos no elenco, a produção carioca dirigida por Lula Buarque de Hollanda, “O Vendedor de Passados”, exibiu na noite de domingo no São Luiz revelando sua adequação à cultura brasileira a partir do livro homônimo que lhe originou, escrito pelo angolano José Eduardo Agualusa.
Presente no São Luiz, Lázaro lembrou que residiu no Recife no início da carreira e ressaltou o quanto respeitava o cinema local, sempre tão vigoroso como acreditava ser o projeto de Buarque de Hollanda, daí ter aceitado participar da produção. No enredo, Lázaro é Vicente, um misto de escritor e designer que criar vídeo, fotos e documentos fictícios para clientes desesperados que querem um nova e mais dramática história para, daí, seguir em frente.
Certo dia lhe bate à porta uma mulher sem nome (Alinne Moraes), que contrata seus serviços com uma única exigência. Que em seu “novo passado”, ela tenha cometido um crime. O novo desafio acaba por colocar Vicente, que foi adotado pelos pais, diante de questionamentos sobre seu próprio passado.
Em poucas linhas pode-se dizer que “O Vendedor de Passados” oferece menos do que o talento de Lázaro disponibiliza – e também o de Moraes – aos seus personagens. Para um filme que se pretende reinventor de personagens, o roteiro de Isabel Muniz parece bem intencionado, mas frouxo, assim como a direção pouco audaciosa para um mote tão inventivo como o criado por Agualusa. O filme, entretanto, pode encontrar seu nicho ao estrear no circuito exibidor, dia 21 de maio.
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