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Críticas

A Incrível História de Adaline

Romance à moda antiga

Por Luiz Joaquim | 21.05.2015 (quinta-feira)

Temos aqui um extremo filme romântico. E o que, por este motivo, poderia ser de cara um forte elemento de rejeição para muitos espectadores, talvez faça valher a pena repensar o tal (pre)conceito por “A Incrível História de Adaline” (infeliz titulo brasileiro para “The Age of Adaline, EUA, 2015).

Dirigido por um jovem diretor americano, Lee Toland Krieger, a obra protagonizada por Adaline (Blake Lively) traz elementos fantásticos que chegam a ser engraçados por se levarem tão a sério na tentativa de explicar cientificamente algo que, como o próprio narrador onisciente diz no filme, será descoberto apenas em 2035.

O fantástico se refere ao fato de, após um acidente ali pelo final dos anos 1930, pelo qual acaba sendo literalmente atingida por um raio, a viúva Adalina, mãe da pequena Flemming, deixa de envelhecer. Não se trata de tornar-se imortal, mas sim de manter a mesma aparência para sempre. E que aparência!

Lively está deslumbrante em todos os instantes que aparece na tela. E só por esse mote, a eterna beleza da juventude, temos em “A Incrível História…” uma história bastante feminina em sua essência. Mas, como seria, afinal, viver décadas com a leveza da aparência dos 29 anos?

A primeira implicação negativa desta boa história original escrita por Salvador Paskowitz e J. Mills Goodloe está na família. Adaline acompanha a filhinha crescer e ficar mais velha que ela própria, até Flemming chegar à velhice (na pele de Ellen Burstyn). Mas, “acompanhar” não é exatamente o verbo.

Para não se tornar uma cobaia da ciência, Adaline esconde-se, muda de identidade e de cidade a cada década, tendo com isso sacrificado a convivência com Flemming e se auto-induzido a uma solidão que em 2014, já soma mais de seis décadas.

É quando no dia 31 de dezembro de 2014, Adaline conhece o jovem filantropo Ellis (Michiel Huisman), deixa-se envolver e inicia um novo capítulo em sua longa vida de 106 anos de idade.

Invencionices fantásticas à parte, o que deixa a obra atraente está exatamente na coerência e maturidade – predicados esperados para um idoso – que Lively dá a Adaline com segurança e elegância. E para encantar um mulher deslumbrante com a experiência e sabedoria de um século, seria necessário um homem igualmente sedutor.

Sob essa condição, o personagem de Ellis é construído quase como um príncipe encantado moderno. O típico bom partido – sem parecer um bobo – que toda as mulheres almejariam ter.

E quando tudo parece encaminhar-se para o trivial (um bom trivial, registre-se), “A Incrível História…” oferece uma terceira reviravolta, ao incluir os pais de Ellis no enredo. Sendo interpretados por Kathy Baker e ninguém menos que Harrison Ford, dá para imaginar que eles não estão ali apenas como figurantes. Serão figuras decisivas contra os impasses de Adaline.

Ao final, as explicações pseudo-científicas para o fenômeno pelo qual é acometida a protagonista não passam de uma balela tão crível quanto o folclórico conto de que se você ficou amnésico com uma pancada na cabeça, pode lembrar novamente de tudo se levar outra pancada no mesmo lugar.

Mas, a questão aqui é que, depois de passar quase duas horas sendo convencido sobre a longevidade de Adaline pela delicadeza e talento de Blake Lively, a balela não tem a menor importância.

Direção – antes de definirem pelo nome do iniciante Lee Toland Krieger para dirigir o filme, os produtores cogitaram o nome do italiano Gabriele Muccino (“À Procura da Felicidade”) e também o da espanhola Isabel Coixet (“Minha Vida sem Mim”).

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