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Festivais

25o Ceará (2015) – noite 1

Sobre os homens e suas convicções

Por Luiz Joaquim | 22.06.2015 (segunda-feira)

FORTALEZA (CE) – A suntuosidade do Cinema São Luiz, na Praça do Ferreira em Fortaleza, deu o tom quinta-feira à noite de abertura do 25o Cine Ceará: Festival Ibero-Americano de Cinema.

Em uma sessão disputada pelo público numa fila que circundava a praça, o Cine Ceará voltou ao belo espaço, originalmente fundado em 1958, após cinco anos distante em função de uma reforma. Hoje, o cinema reequipado com equipamento digital, está sob administração do Governo do Estado.

A atriz Leandra Leal inaugurou esta edição como homenageada recebendo o troféu Mucuripe das mãos de sua própria mãe, Ângela Leal. Aos 32 anos, a jovem atriz lembrou que iniciou sua carreira muito cedo no cinema – com “A Ostra e o Vento” (1997) – e que, com cerca de 20 anos de carreira, atuou numa dezena de filmes.

“Isso é bom mas, ainda assim, percebo que atores da minha geração, com dez anos de carreira, já atuaram em 30 filmes, e sendo protagonista. Ou seja, nós, mulheres, temos mesmo menos espaço e me sinto honrada de poder atuar naquilo que amo, o cinema, algo com o qual ainda acredito poder fazer alguma diferença à sociedade”, destacou.

E começando a competição no Ceará, o festival optou por uma pancada estética e temática, projetado o chileno “O Clube”, de Pablo Larrain. Longa-metragem que levou o Grande Prêmio do Júri no último Festival de Berlim.

Em apenas dez minutos de projeção a história dos quatro padres internados numa casa situada em um frio balneário chileno, sob rígidas regras de comportamento punitivos, seqüestrou a atenção do público.

É quando chega um quinto padre para ali ser agregado ao grupo que vamos conhecendo aos poucos – por intermédio de um sacerdote que vai investigar um suicídio – os pecados e as razões pelas quais todos aqueles homens vivem sob isolamento e proteção da igreja.

Entram em pauta pedofilia e a venda de recém-nascidos num embate de argumentos que nos fazem refletir muito sobre a instituição do poder, tendo a igreja católica, claro, como pano de fundo.

Num conflito que transcende questões religiosas, mas também é dura com ela, “O Clube” vai aos poucos ganhado proporções gigantescas de desconforto por esgarçar a capacidade com as quais os homens podem distorcer seus pecados e fazermos vê-los como virtude. Assustador.

CARTA – O cineasta cearense Halder Gomes (de “Cine Holliúdi”) também foi ao palco para ler uma carta assinada por 115 diretores de todo o Pais endereçada ao Supremo Tribunal Federal para garantir a continuidade da lei 12.485/11, que criou espaço na tevê por assinatura para obras brasileiras.

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