25o Ceará (2015) – premiação Jauja
-O Clube- vence o Cine Ceará
Por Luiz Joaquim | 26.06.2015 (sexta-feira)
Encerrada na noite de quarta-feira, a 25ª edição do Cine Ceará: Festival Ibero-Americano de Cinema confirmou a força de sua curadoria, desenhando com sua premiação diversificada um painel dos diversos talentos que foram expostos na tela do cine São Luiz de Fortaleza desde a semana passada. Saiu-se vencedor o longa-metragem chileno “O Clube”, com o qual o diretor Pablo Larrain, investiga os pecados de quatro padres internados numa casa em caráter de punição.
“O Clube” ainda levou os troféus Mucuripe de roteiro, ator (para todo o elenco masculino) e da Abraccine (da crítica). O segundo filme mais premiado foi o português “Cavalo Dinheiro”, de Pedro Costa, eleito pela fotografia, direção de arte e som. Já o espanhol “Loreak” levou o troféu de melhor atriz (Itziar Ituño); e o cubano “Obra do Século” foi lembrado pela edição e trilha sonora.
JAUJA
O argentino “Jauja” – em cartaz hoje no Cinema da Fundação – deu a Lisandro Alonso o prêmio de melhor direção. Com um ritmo muito particular e provocando sensações de incômodo em função do ambiente e de sua geografia desértica, “Jauja” combina inquietações iniciais no espectador logo pela opção de seu formato de projeção.
A imagem que se vê ocupa cerca de 1/3 da tela do cinema – numa proporção de 1,33:1 -, com bordas arrendondadas, remetendo diretamente a antigas fotografias. As cores opacas, com um eventual destaque muito especifico para um cor vibrante dentro quadro, também lembram pinturas impressionistas do século 19, época em que transcorre sua história.
O enredo parte da ideia de que Jauja (pronuncia “ráurra”) é um lendário lugar paradisíaco que ninguém nunca alcançou propriamente. No caminho, temos o dinamarquês Gunna (Viggo Mortensen) que perde sua filha adolescente Ingeborg (Viilbjørk Malling Agger) e passa a buscá-la pela eternidade na aridez daquele espaço.
Em entrevista coletiva no Cine Ceará, Alonso revelou que ajustou a construção do personagem Gunna, com Mortensen, em três estágios: a apresentação, a busca e reflexões entre consciência e inconsciência. “Gosto da ideia de não conseguir resumir o filme numa explicação. O prazer estético está na frente”, revela.
Alonso contou também que seu próximo projeto pode ser rodado no Brasil. “Talvez eu filme na Amazônia. Gosto de ser desafiado pela paisagem. Gosto de viajar com a equipe para um lugar não tão cômodo. É quando conheço gente interessante e, sem fone e sem internet, desenvolvemos relações mais intensas”, encerrou.
PERNAMBUCO – Entre os curtas-metragens do 25ª Cine Ceará, a obra eleita como melhor filme foi a de Deborah Viegas, “Kyoto”, Já o pernambucano “Virgindade”, de Chico Lacerda, ganhou o prêmio pela melhor direção.
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