25o Cine Ceará (2015) – abertura
Mais forte do que nunca
Por Luiz Joaquim | 18.06.2015 (quinta-feira)
Quando foi divulgada, 6 de maio, a programação do mais tradicional festival de cinema do Norte/Nordeste, o Cine Ceará: Festival Ibero-Americano de Cinema, houve uma espécie de surpresa (boa) por parte de todo o meio cinematográfico no País. Isto porque, se em 2014, ano da Copa do Mundo de Futebol, o evento cearense passou despercebido em dezembro (fora de seu mês tradicional) e com um seleção de filmes de baixíssimo impacto – aspecto que vinha repetindo-se há pelo mês três anos -, neste 2015 a competição reúne ao menos cinco filmes de extremo interesse entre os nove que competirão ao troféu Mucuripe.
Outro detalhe mais que charmoso: nesta 25ª edição que inicia hoje e segue até quarta-feira, além de voltar a acontecer em seu mês habitual, o evento retorna a sua casa tradicional, o Cinema São Luiz, reformado e já equipado com projeção digital DCP. Ano passado, o festival aconteceu nos Cinemas do Dragão-Fundação Joaquim Nabuco e, nos dois anteriores, no Theatro José Alencar. O próprio diretor do Cine Ceará, Wolney Oliveira, reconheceu: “esta é a melhor seleção do festival desde sua criação e a melhor forma de comemorar seus 25 anos”.
De fato, o filme que dá as boas vindas ao seu público é nada menos que “O Clube”, do chileno Pablo Larrain (de “Tony Manero”), que levou o Grande Prêmio do Júri e levou o Leão de Prata no Festival de Berlim há quatro meses. No filme, quatro homens vivem numa casa isolada à beira-mar administrando seus próprios pecados até a chegada de um quinto elemento que acaba despertando aquilo que cada um queria deixar para trás.
Do Brasil, dois nomes de peso no cinema (Jorge Furtado) e no jornalismo (o pernambucano Geneton Moraes Neto) chamam atenção com os filmes “Real Beleza” e “Cordilheira no Mar: a Fúria do Fogo Bárbaro”, respectivamente. Enquanto no primeiro Furtado ficcionaliza a história de um fotógrafo (Vladimir Brichta) em busca de candidatas a modelo em cidades do interior gaúcho e que acaba se envolvendo com a mãe dela, Anita (Adriana Esteves), no segundo Geneton volta a 1981 e nos apresenta material inédito quando, estudante de cinema, entrevistou Glauber Rocha na França e depois coletou depoimentos de Miguel Arraes e Francisco Julião sobre as conversas com Glauber durante seus exílios.
A competição esquenta também com o português “Cavalo Dinheiro”, de Pedro Costa, e o argentino “Jauja”, do argentino Lisandro Alonso (vencedor do prêmio do júri (Fipresci) na mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2014. Concorrem ainda o espanhol “Loreak”, de Jon Garaño e Jose Mari Goenaga; o cubano “A Obra do Século”, de Carlos M. Quintela; o peruano “NN”, de Héctor Gálvez; além da coprodução Espanha/Etiópia “Crumbs”, de Miguel Llansó.
Além de um competição de curtas-metragens brasileiros (incluindo os pernambucanos “Virgindade”, de Chico Lacerda, e “Avenida Presidente Kennedy”, de Adalberto Oliveira) totalizando 15 filmes; o 25º Cine Ceará também olha com carinho para o cinema espanhol com oito curtas e cinco longas contemporâneos e dois clássicos: “Simon del Desierto”, 1965, de Luis Buñuel; e “El Espiritu de La Colmeia”, 1973, de Victo Ence.
CANCELAMENTO – Um dos títulos mais esperados anunciado pela seleção – “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert – saiu da competição por um decisão dos produtores do filme em função da mudança da data de seu lançamento no Brasil. Há suspeitas que o filme seja lançado no Festival de Gramado, em agosto.
AULA – Na tarde deste sábado, o 25º Cine Ceará reúne o diretor chileno Lisandro Alonso (“O Clube”) e o pernambucano Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”), quando promoverão uma conversa sobre seus processos de criação.
HOMENAGENS – A atriz Leandra Leal será homenageada hoje na abertura do festival cearense, e o cineasta Cacá Diegues na noite de encerramento, próxima quarta-feira.
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