A Espiã que Sabia de Menos
Desesperando-se para ser engraçado
Por Luiz Joaquim | 05.06.2015 (sexta-feira)
Em Hollywood a imaginação não tem limite. Isso já se sabe. Mas transformar Melissa MacCarthy numa agente secreto à la 007? É o que se verá em “A Espiã que Sabia de Menos” (Spy, EUA, 2015), dirigido por Paul Feig. Ele é o, digamos, padrinho da atriz acima do peso que a tornou popular pelo cinema em “Missão Madrinha de Casamento” (2011), tendo dirigido-a também em “As Bem Armadas” (2013).
Com os créditos de abertura que remetem despudoradamente aos filmes de James Bond, “A Espiã…” apresenta de imediato o agente Bradley Fine (Jude Law) em ação. Enquanto mata terroristas, e foge de bombas, não perde a elegância em seu terno de caimento perfeito. Mas seu êxito não seria o mesmo se não houvesse um ponto em seu ouvido com a voz da agente interna Susan Cooper (McCarthy) dando todas as coordenadas ao agente galã da CIA, por quem Susan é apaixonada.
Acontece que, com Bradley dado como morto numa de suas missões, um novo espião precisa se infiltrar no campo para desmantelar o plano de venda de uma ogiva nuclear na Europa. Com um desejo secreto de vingar a morte de Bradley, Susan, mesmo estando há dez anos trabalhando apenas nos escritórios da CIA, voluntaria-se para encarar o perigo.
Seu argumento para convencer a chefe (Allison Janney) é que, com seu visual pouco atlético, nenhum terrorista desconfiaria de Susan como uma espiã. Para a revolta do vaidoso e atrapalhado colega Ford (Jason Statham), Susan é convocada e segue para sua primeira missão entre bandidos reais.
Fica posta, assim, a mesa para o roteiro também escrito por Feig deitar e rolar sobre sátiras no que diz respeito aos filmes de espionagem. Com situações que parecem ter sido escritas especificamente para McCarthy, este “A Espiã…” consegue provocar risadas, pelas graças criadas a partir do perfil nada esbelto da estrela, mas também estimula a auto-estima de sua personagem ao colocar em seu caminho um espião italiano constatemente excitado pela gordinha.
Nesse movimento de rir dela, o colar “Crazy Cupcake” soa como um humor cruel (mas divertido), assim como os vários disfarces condizentes com Susan que a inteligência da CIA cria; como a dona de casa divorciada de Delaware, ou como a agente de telemarketing que cria dez gatos. Neste “morde e assopra” contra as gordurinhas de McCarthy o saldo é positivo, mas cansativo também. De qualquer forma, se render milhões, nada impede que tenhamos um “A Espiã que Sabia de Menos 2”. Não duvidemos.
ESPIONAGEM – Filmes de espionagem estão em alta de novo. “A Espiã Que Sabia de Menos” está sendo lançado no mesmo ano em que outros muitos filmes do gênero chegam aos cinemas como “Kingsman: Serviço Secreto”; “Missão: Impossível – Nação Secreta” (13 de agosto); “O Agente da U.N.C.L.E” (3 de setembro) e “007 Contra Spectre” (6 de novembro).
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