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Reportagens

Curtas :Domingos e Por Trás da Cortina

O expectador como figura decisiva

Por Luiz Joaquim | 08.06.2015 (segunda-feira)

Há cerca de quatro anos, pedir colaboração para fazer um filme não se restringe mais a angariar a ajuda dos amigos, mas também de desconhecidos simpatizantes de uma causa. A prática, que surgiu em Nova Iorque, tornou-se popular com o surgimento do “crowdfunding”. No site nacional “Kickante”, por exemplo, é possível hoje encontrar fácil o projeto de dois filmes pernambucanos – o suspense “Domingos”, de Jota Bosco, e o thriller “Por Trás da Cortina”, de James William.

O “crowdfunding” funciona de maneira que as pessoas doam deliberadamente recursos para a obra através de cotas a um site administrador do processo. No caso do filme de Bosco o endereço é http://www.kickante.com.br/campanhas/domingos. Para o filme de William, http://www.kickante.com.br/campanhas/por-tras-da-cortina.

“Existem dois tipos de campanha. Na do tipo -tudo ou nada- o pretendente define que precisa reunir, por exemplo, R$ 5 mil em 60 dias. Caso não atinja esse valor no período, o dinheiro é devolvido aos doadores. E há a campanha flexível, na qual mesmo não alcançando o valor estabelecido, 17,5% vai para o Kickante e o resto para o idealizador do projeto. O -Domingos- tem pouco mais de 40 dias para arrecadar o total de R$ 5.600”, explica Bosco.

Integrante do grupo “Toca o Terror” – que promove um blog, um cineclube com sessões mensais e produz podcast (gravações comentatadas na internet) com temas em torno de vampiros, zumbis, serial killers, monstros e afins -, Bosco conta que há cerca de quatro meses lançou a ideia ao grupo para realizar o primeiro curta-metragem, quando já trabalhavam num outro projeto audiovisual, o “Fãtásticos”. “Devemos brincar com a grife -Toca o Terror Produções- a partir de agora”, adianta.

Sobre o filme, o futuro realizador adianta que o protagonista de “Domingos” é um típico sujeito “invisível” numa cidade grande. “Ele tem um cotidiano repetitivo. Acorda, vai trabalhar, volta pra casa, assiste tevê, vai dormir, e repete isso todo dia. Até que Rosinha, uma funcionário que trabalha na mesma empresa que ele, tenta se aproximar e descobre algo sobre seu universo muito particular”, adianta. Bosco conta também que apesar da ajuda dos amigos, deverá ele mesmo fotografar o filme, além de escrever o roteiro e dirigi-lo.

HOMOFOBIA
A ideia que gerou “Por Trás da Cortina” nasceu de um desconforto. William, responsável pelo projeto, diz que tudo surgiu como “repúdio a atitudes homofóbicas que presenciei contra vários amigos meus, um grupo grande de amigos tinham o costume de se encontrar sempre aos domingos em uma praça próxima a um shopping center. E esses encontros coincidiam com dias de jogos de futebol. Em uma atitude comum de torcidas organizadas eles perseguiam este grupo de amigos que quase em sua maioria eram homossexuais e roubavam alguns bens materiais dessas pessoas”, contextualiza o autor no site.

O roteiro do curta foi escrito pensando num suspense no qual a trama gira em torno do delegado Daniel, que acabou de perder o seu filho, devido a um crime de descriminação sexual. Ainda sem estar recuperado da perda, Daniel tenta dividir seu lado profissional do pessoal quando surge um serial killer que começa a matar de forma brutal na cidade do Recife, deixando sempre no local do crime uma rosa branca.

James William é formado em Cinema Digital pela Universidade Mauricio de Nassau, com cursos de especialização em Cinematografia Digital pela Plano 9 Produções.

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