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Festivais

Videoarte e Cinema Experimental (Recife)

Mostra acontece até dezembro na Aliança Francesa

Por Luiz Joaquim | 10.06.2015 (quarta-feira)

“É uma chance de conhecer o trabalho de uma realizadora que é bastante pesquisada na academia, mas cujas obras são muito pouco acessíveis”. Com um sotaque que não disfarça a origem, o francês Yann Beauvais fala em português referindo-se aos filmes da diretora Germaine Dulac (1882-1942).

O trabalho da cineasta francesa é um dos cinco focos sobre o qual o curador e produtor Beauvais irá se debruçar uma vez por mês – até dezembro – para desdobrar alguns conceitos criados Giles Deleuze (1925-1995) quando problematizava o audiovisual. Os encontros chamados -Videoarte e Cinema Experimental- acontecem às 19h30 na Aliança Francesa (AF), no bairro do Derby (rua Amaro Bezerra, 466), sempre com entrada franca.

“A ideia para compor os encontros surgiu de um convite feito por Adrien [Lefèvre, diretor executivo da AF]. Pensei então em reunir obras que pudessem funcionar como estímulos para discutir temas deleuzianos como -Espaço-Qualquer-; -Monitorização & Controle-; -Germaine Dulac-; -Rosto/Paisagem-; e -Transformação-Ritornelo-. Para o último encontro, 11 de dezembro, queremos a interação de um cineasta por entendermos que sua perspectiva enriquece o debate. Daí traremos Rose Lowder para conversar após a exibição com a plateia”, adianta o curador.

Beauvais diz que escolheu Deleuze por ele ter sido um dos primeiros, principalemente nos anos 1980, a tecer comentários sobre o cinema experimental. “Para ele, tal cinema suscitava sensações aonde o cinema tradicional não conseguia nos levar”, contextualiza. Por esse caminho, a primeira provocação de Beauvais acontece hoje projetando um clássico do gênero feito nos anos 1960, “Wavelenght”, de Michael Snow, seguido por “La Céleste”, de Pascal Auger.

Na sessão de 14 de agosto o programa exibe o filme, entre todos, que talvez seja o mais popular no Brasil – “La Jetée”, de Chris Marker (obra que deu origem ao longa -Os 12 Macacos-, de 1995). Junto a “Search | Search (Adelaide)”, de Pat Naldi e Wendy Kirkup; “Outside”, de George Michaels; e “Faceless”, de Manu Luksch, o programa irá estimular discussões sobre a representação através de câmeras de segurança entre outras formas de controle.

Sobre a inclusão dos filmes de Dulac – sessão 18 de setembro – Beauvais lembra que Deleuze observou que a história inicial do cinema foi referendada por aspectos próprios de diretores masculinos. “Com os filmes de Dulac, realizado nos anos 1920 com questionamentos femininos, mostramos uma quebra na tradicional forma dos homens”, adianta.

Para o tema “Rosto/Paisagem” (16/10), o curador cita a frase de Alfred Hitchcock (“um rosto é uma paisagem”) para introduzir os filmes “Sept Visions Fugitives”, de Robet Cahen; e “The Art of Memory”, de Woody Vasulka. Já em novembro (dia 13), seis filmes irão emoldurar o conceito “Ritornelo”, para explicar a ideia de ritmo numa composição fílmica. É bom reforçar que após cada sessão, Beauvais comandará debates junto à plateia, identificando tais conceitos inseridos nas obras expostas.

HISTÓRICO – Yann Beauvais foi cofundador da “Light Cone”, uma cooperativa europeia de difusão do cinema experimental. Foi produtor no Centro Nacional de Arte e Cultura Georges-Pompidou e no Museu de Arte Moderna de Paris, entre outros. Reside no Recife desde 2011, onde atuou no espaço B-Cúbico e programou um cineclube de cinema experimental por três meses em 2014.

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