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Críticas

O Exterminador do Futuro: Gênesis

Pai-terminador

Por Luiz Joaquim | 02.07.2015 (quinta-feira)

É provável que alguns espectadores se percam nas idas e vindas na linha do tempo, e suas consequentes repercussões sobre a realidade, que este quinto volume da franquia “O Exterminador do Futuro” – agora com o subtítulo “Gênesis” (Terminator – Genisys, EUA, 2015) – apresenta no cinema.

Mas, calma, não é preciso nem ter familiaridade com os dois filmes iniciais – de 1984 e “O Julgamento Final”, de 1991 – para usufruir da nova aventura com Arnold Schwarzenegger novamente no papel que o imortalizou no cinema, o ciborgue T-800.

Como disse o produtor David Ellison, “Gênesis” não é uma remontagem, não é um recomeço, não é uma sequência – é um filme novo, independente, baseado apenas no material de James Cameron, roteirista e diretor do filme um.

Neste “Exterminador do Futuro 5”, iniciamos em 2029 quando John Connor (Jason Clark, de “O Planeta dos Macacos: O Confronto) é o lider que luta para derrotar as máquinas que querem extinguir a raça humana. Como última alternativa ele envia para 1984 seu melhor amigo, Kyle Reese (Jai Courtney, da franquia “Divergentes”) para evitar que Sarah Connor (Emilie Clark, da série “Game of Thrones”) – aquela que virá a ser a mãe de John – seja assinada pelo T-800 enviado pelas máquinas.

Até aí, nada de diferente que o filme de 1984 não tenha mostrado – exceto pela ação mais realista vista aqui para o ano 2029. As novidades no roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier aparecem quando vemos em 1984 o T-800 (Schwarzenegger digitalmente rejuvenescido) encontrar outro T-800 (Scharzennegger com a aparência atual) tentando matar o primeiro.

O mistério para Kyle aumenta quando ele também encontra um T-1000 (ciborgue mais evoluído, feito de metal líquido e visto no filme dois, aqui na pele do sul-coreano Byung-hun Lee, de “G.I. Joe”) e descobre que Sarah não é exatamente frágil como definiu John em 2029.

A situação aqui inverte. É Sarah que protege Kyle agora, e o velho T-800 que hoje a acompanha salvou sua vida de um T-1000 em 1973 e vinha, por 11 anos, protegendo ela como um pai faria. Tanta tempo de convivência fizeram do T-800 um ciborgue que tenta ser mais sociável, e são estes os momentos de humor do filme, com Schwarzenegger abrindo um sorriso mecânico e escancarando todos os dentes. A brincadeira deverá se tornar uma marca desse novo filme, como a frase que o idoso T-800 diz: “Estou velho, mas não obsoleto”.

Uma vez estabelecido os objetivos, Sarah e Kyle decidem viajar a 2017 para por fim ao sistema operacional “Gênesis” – uma espécie de Google turbinada – que detém todos os dados pessoais de seus usuários no mundo e irá gerar a Skynet, originando no futuro as máquinas autônomas contra a raça humana.

Não acredite, entretanto, que as novidades do filme resumem-se ao exposto aqui. Com o casal chegando em 2017, novas reviravoltas poderão fundir a cabeça do espectador desatento. Posto isto, é fato que temos aqui um roteiro mirabolante o suficiente para não distrair nossa atenção por toda sua extensão, mas assume-se também arriscado uma vez que deixa buracos no vai-e-vem das viagens no tempo e suas realidades paralelas.

Há um novo elemento dramático, entretanto, que parece ser o melhor de “Gênesis“. Está numa improvável ternura que surgiu ao longo de 11 anos entre a durona Sarah com o inflexível T-800, a quem a heroína chama de Papi.

T-800 é o único que esteve ao seu lado desde que ela perdeu os pais ainda criança e, tendo sido programado (o filme não informa por quem, e isso é bom) para cuidar dela e nunca machucá-la, ele funciona mesmo como um pai. Só que infalível quando o assunto é protegê-la fisicamente.

“Gênesis” nos dá, assim, uma fagulha de existencialismo sobre paternidade e sua função divina, ou, neste caso, cibernética.

– Cronologia –

“O Exterminador do Futuro” (1984)
De James Cameron. Ninguém sabia pronunciar seu nome muito bem, e Schwarzenegger já era conhecido por “Conan” (1981), mas foi aqui que tornou-se um ícone do cinema como o indestrutível ciborgue T-800 que veio de 2029 para matar Sarah Connor (Linda Hamilton), a mãe de John Connor, o futuro lider que libertará a humanidade. Para defendê-la, vem também do futuro o soldado Kyle (Michael Biehn).

“O Exterminador do Futuro – O Julgamento Final” (1991)
De James Cameron. John Connor (Edward Furlang) já é um garoto, mas que vive longe da mãe Sarah, considerada louca. Um outro ciborgue mais mais avançado, feito de metal líquido, o T-1000 (Robert Patrick) chega do futuro para tentar matar o menino. Desta vez o T-800 reaparece mas para proteger John Connor com a ajuda de Sarah, hoje uma guerreira musculosa.

“O Exterminador do Futuro – Rebelião das Máquinas” (2003)
De Jonathan Mostow. Acontece primeira batalha entre os humanos e a inteligência artificial da empresa SkyNet está prestes a ocorrer. Na intenção de eliminar John Connor (Nick Stahl), um dos líderes dos humanos, as máquinas enviam um novo ciborgue exterminador em seu encalço: T-X (a loira platina Kristanna Loken). Para protegê-lo mais uma vez o ciborgue T-800 (Arnold Schwarzenegger) volta à cena.

O Exterminador do Futuro – Salvação” (2009)
De McG. Visto como um claro caça-níquel, esta sequência dirigido pelo diretor que tem nome de aplicativo virtual não inclui Shwarzenegger, um erro. Aqui é 2018 e John Connor (Christian Bale, lembrado pelos chiliques no set de filmagens) é designado para liderar a resistência humana ao domínio das máquinas, coordenadas pela Skynet e seu exército de exterminadores.

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