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Críticas

Michael Kohlhaas: Justiça e Honra

Justiça com feudalismo em declínio

Por Luiz Joaquim | 27.08.2015 (quinta-feira)

Vez por outra, e tem sido raro, o poderoso Festival de Cannes se aventura a colocar em sua mostra principal, a competitiva, filmes de diretores com pouco experiência ou realmente desconhecidos do mundo. Em 2013 aconteceu um desses casos quando “Michael Kohlhaas: Justiça e Honra” (Fra./Ale., 2013) participou da mostra tentando levar a Palma de Ouro.

“Michael Kohlhaas” – estreando no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (no Derby) – é apenas o terceiro longa-metragem de ficção dirigido pelo francês Arnaud des Pallières, que aqui se arrisca numa adaptação do conto escrito pelo poeta e romancista alemão Heinrich von Kleist (1777-1811). Só por essa informação – trazer aos cinema de hoje um texto alemão escrito no início do século 19, sobre uma situação no século 16 no centro-sul da França – é dado suficiente para entender onde Pallières estava se metendo.

O cenário é o da região de Cévennes, França, onde o vendedor de cavalos Michael Kohlhaas (Mads Mikkelsen, quase matemático na performance) leva uma vida tranquila e próspera ao lado da esposa que ama e da filha pequena. Quando dois de seus cavalos lhe são devolvidos maltratados por um nobre, ele, que é um homem religioso e íntegro, decide levar até o limite sua ideia de recuperar sua honra.

Uma dos aspectos interessantes em conhecer a história de Kohlhaas, é observar como ali, cerca de 200 anos antes da Revolução Francesa na Europa, a ideia de justiça e ordem social já passava pela mediação do estado, ou melhor, da monarquia. O protagonista tenta inicialmente reaver seus direitos por meio de uma espécie de advogado. Uma vez frustrado, parte para busca a justiça com as próprias mãos. E, por aí, arrisca tudo que tem de valioso. Até parece um filme policial contemporâneo, mas é mostrado com todo o rigor de como seria a vida no século 16.

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