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Críticas

Quarteto Fantástico (2015)

Josh Trank ajudou a dar humanidade aos personagens

Por Luiz Joaquim | 06.08.2015 (quinta-feira)

Fãs do “Quarteto Fantástico” – heróis de HQ hoje da Marvel e criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1961 – colocavam a mão na testa, como sinal de decepção, ao sair da versão que Hollywood deu em 2005 para a história do Senhor Fantástico/Reed, Tocha Humana/ Johnny, Garota Invisível/Sue e o Coisa/Ben. Em 2007, a Fox resolve lançar uma sequência incluindo outro personagem, este sagrado para muitos, chamado O Surfista Prateado. Desta vez os fãs levavam as duas mãos à testa. Hoje, Hollywood se redime e oferece o bom “Quarteto Fantástico” (Fantastic Four, EUA, 2015), numa associação dos Estúdios da Mavel com a Fox.

Tendo a audácia de entregar a direção ao jovem e promissor diretor Josh Trank (de “Poder sem Limites”), os estúdios acertaram pois este chamado reboot (ou re-início) da franquia nos chega com frescor não apenas em sua dramaturgia mas, particularmente, nos tempos pelos quais Trank permite que essa dramaturgia “respire”.

Sai beneficiado o fã que, além de reencontrar os ídolos na tela, será brindado com um produto cinematográfico elegante. Mas sai beneficiado também o não iniciado no universo do Quarteto, uma vez que o arco dramático aqui parte da infância de Reed e Ben, ainda na escola formando a amizade, até o ponto em que os quatro já unidos decidem pôr um nome ao quarteto dotado de super-poderes e compreendendo-se como um grupo.

Mais uma vez, supreende a boa administração de tensões que Trank distribui pelo filme ao longo de apenas 100 minutos. Enquanto as recentes produções sobre super-herois têm acreditado ser a longa extensão uma espécie de mérito – quando se comprova um desmérito -, o novo “Quarteto Fantástico” é enxuto e, para cada módulo dramático – infância, ingresso nos laboratórios Baxter, viagem para outra dimensão, compreensão dos novos poderes e necessidade de união – guarda em si sua própria particularidade e tensão.

Mais méritos: cenografia e efeitos especiais estão aqui a serviço de um bem comum no filme como um todo e não chamam mais atenção que aquilo que realmente importa, que vem a ser o sentimento particular de confusão que cada um dos personagens possui com relação a si próprio, somados à sensação de abandono e isolamento ao se perceberem uma aberração.

Para dar conta de tanta variações de sentimentos, não apenas os protagonistas – o ótimo Miles Teller (Sr. Fantástico); Michael B. Jordan (Tocha Humana), Kate Mara (Garota Invisível) / Jamie Bell (O Coisa) / Toby Kebbell (Dr. Destino) – estão à vontade, mas também merece especial destaque Reg E. Cathey, como o Dr. Franklin, pai de Johnny e Sue.

Para quem nunca nem ouvi falar de “Quarteto Fantástico”, basta saber que quatro jovens cientístas envolvem-se num experimento criado por eles mesmos que acaba por contaminá-los e dar poderes especiais e distintos a cada um. Reed estica-se como um elástico, Sue fica invisível, Johnny transforma-se num thoca de fogo e O Coisa tornou-se um figura rochosa e indestrutível.

Falando assim pode soar bobo, mas “Quarteto Fantástico”, o filme, parece, enfim, sido feito para o espectador adolescente e adulto mais sensível àquilo que se chama cinema, e não apenas aos automatizados devoradores de pipoca.

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